Nomes do BNDES deixam cargos nos conselhos da Copel após mudanças no estatuto da empresa

Indicados pelo BNDES saíram após aprovação da reforma do estatuto que antecede privatização. Nomes teriam sido substituídos por ruídos

Quatro nomes indicados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deixaram suas cadeiras nos conselhos de Administração e Fiscal da Copel, anunciou a companhia ainda nesta segunda-feira (10). O comunicado veio logo após a aprovação, em assembleia extraordinária de acionistas, da reforma do Estatuto Social que formaliza as regras de transformação da estatal em corporação. O documento recebeu voto contrário do BNDES, o segundo maior acionista da Copel.

As mudanças foram informadas ainda durante a noite e apresentadas em forma de “renúncia”. Segundo o aviso assinado pelo diretor de Finanças e de Relações com Investidores da companhia, Adriano Rudek de Moura, Jorge Eduardo Martins Moraes e Maria Carmen Westerlund Montera deixaram por conta própria os cargos de membros do conselho de administração, para o qual foram eleitos ainda em maio para o mandato 2023-2025.

Extraoficialmente, no entanto, o Plural apurou que ambos foram substituídos. A mudança teria sido determinada porque Jorge Moraes e Maria Montera teriam votado a favor do Estatuto quando o documento passou por análise no Conselho de Administração, em junho. Os votos favoráveis dos representantes do banco repercutiram nos bastidores por estar em dissonância do posicionamento da instituição. Como sócia, a BNDES Participações (BNDESPar) votou contra o documento na assembleia extraordinária de acionistas desta segunda-feira.

BNDES

“O voto contrário do Banco na Assembleia de Acionistas se dá por entender que o modelo de Corporation proposto, ao restringir os direitos políticos dos acionistas em no máximo 10% do valor representativo do capital social, pode levar a um desequilíbrio dos interesses dos acionistas minoritários da Companhia”, justificou a instituição.

Para ocupar as vagas deixadas em aberto, o conselho de Administração nomeou Jacildo Lara Martins e Geraldo Corrêa de Lyra Junior. Os nomes do BNDES no Conselho Fiscal – Marco Aurelio Santos Cardoso e Pina Dias – também deixaram os cargos, foram substituídos em condição temporária e ficarão no cargo até a próxima assembleia geral da companhia, em 10 de agosto.

O BNDES foi questionado sobre a saída de seus representantes nos conselhos, mas não retornou ao pedido de esclarecimento até a publicação desta reportagem.

Oposição

Na assembleia extraordinária desta segunda-feira, o BNDES pediu para que fossem retiradas das pautas itens sobre a migração da Copel para o Novo Mercado que afetam diretamente a estrutura de ações da companhia. No entendimento do banco – agora sob a direção do PT, partido de oposição do governador Ratinho Jr. (PSD) – algumas regras definidas prejudicariam o poder de voto do BNDES, que hoje detém 12,4% das ações ordinárias e 24% do capital social total da Copel.

O posicionamento deriva de um pedido de deputados de oposição. Deputados federais e estaduais contrários à privatização alegam que a transformação da estatal em corporação sem acionista controlador e com limite de direito a votos poderia ferir os interesses do próprio Banco e, consequentemente da União. Isso porque o modelo adotado pela Copel impedirá o exercício de votos em número superior a 10% da quantidade de ações em que se dividir o capital votante da companhia, o que afetaria diretamente a força política da BNDESPar sobre as decisões da elétrica paranaense.

O argumento sustenta uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn), em análise pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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