Seis dias após a data prevista, a eleição para a reitoria da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) chegou a um desfecho. Com as 39 urnas apuradas, o novo reitor da UTFPR é o diretor-geral do Campus Curitiba, Marcos Schiefler Filho. Ele foi o candidato com o maior número de votos na consulta à comunidade universitária.
A eleição foi bastante apertada e Schiefler venceu com 51% dos votos contra 48% do atual reitor – candidato à reeleição – Luiz Alberto Pilatti. O trabalho de apuração foi transmitido pelo Youtube e conduzido por membros do Colégio Eleitoral e da Comissão Técnica da universidade.
Por problemas anteriores nas urnas, o pleito teve o acompanhamento de auditores externos, sendo um da Polícia Federal (PF) e outro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Fiscais técnicos e de apuração dos dois candidatos também estiveram presentes.
As votações consideraram os respectivos pesos em votos válidos de cada tipo de eleitor. Nas urnas de docentes, Pilatti venceu a votação por 35%, contra 34% dos votos do concorrente. Os técnicos administrativos preferiram Schiefler, e o candidato venceu com 7,86% contra 7,14% de Pilatti nestas urnas. A oposição levou a melhor também com os eleitores discentes e venceu por 8,8% a 6,1%.
A disputa remota da UTFPR foi muito mais movimentada do que o esperado. No início, o processo quase foi suspenso, quando um grupo de professores, técnicos administrativos e estudantes entraram com uma ação na 6ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, questionando vários pontos da eleição virtual. Um dos impetrantes era o próprio Schieler, no entanto, a decisão não foi favorável à chapa de oposição.
Um dia depois da decisão, já no dia da eleição, a apuração de 19 das 39 urnas foi interrompida devido a problemas técnicos na chave de criptografia delas. Em um primeiro momento, pensou-se que o ‘ciclone bomba’ – que atingiu o Sul do Brasil no dia 30 de junho – poderia ter sido a causa, mas essa possibilidade foi descartada.
Durante a semana, a então reitora em exercício da UTFPR, Vanessa Ishikawa Rasoto – candidata a vice na chapa do atual reitor – chegou a afirmar que os relatórios da Comissão Técnica e do Colégio Eleitoral iriam para a Procuradoria Jurídica da universidade. O Conselho Universitário daria a última palavra sobre o andamento do processo. Contudo, já que o problema técnico foi resolvido, isso não foi necessário.
Lista Tríplice
A eleição finalizada é preliminar no processo da escolha do reitor. Os dois nomes votados e outro, definido pelo Conselho Universitário, serão encaminhados em uma Lista Tríplice para escolha pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Esta foi a primeira eleição remota da UTFPR e teve o uso do software Helios Voting, aprovado pelo Conselho Universitário para ser usado na disputa. O colegiado deve se reunir nos próximos dias para fazer o encaminhamento da Lista Tríplice para o MEC.
“Universidade mais humana”
Horas depois da divulgação do resultado oficial, Schiefler e o vice-reitor em sua chapa, Heron Oliveira – diretor do Campus Campo Mourão – fizeram uma transmissão pelo Youtube para agradecer à comunidade da UTFPR. O reitor mais votado afirmou que quer trazer uma gestão “transparente e mais humana” para a universidade. Segundo ele, uma proposta nova e diferente, que visa tornar o ambiente acadêmico inclusivo e plural.
No discurso, os dois também agradeceram àqueles que votaram no candidato Pilatti para reeleição, pois “puderam exercer o direito democrático do voto”. Além disso, Schiefler pregou a união entre integrantes dos 13 Campus da UTFPR, incluindo pessoas com diferentes opiniões. “Queremos agradecer por essa parceria, companheirismo que vocês apresentaram e por confiarem nas propostas que nós apresentamos”, disse.
Schiefler destacou que sua gestão pretende abandonar práticas como “rotulação, perseguição e amedrontamento dos universitários”. A intenção é trabalhar com uma instituição democrática, que respeita as ideias e é voltada à liberdade de expressão. “Esse é o legado que queremos deixar”.