Jazida de ouro vira “pedra no sapato” da gestão Ratinho Jr.

Leilão de jazida em Campo Largo acabou deserta pela segunda vez. Ativo precisa ser alienado para que Mineropar seja extinta de vez

Pela segunda vez seguida o leilão de uma jazida de ouro na região metropolitana de Curitiba terminou da forma que o governo do Paraná não queria. Ninguém se mostrou interessado em arrematar o direito minerário sobre a área de cerca de 580 hectares, nem mesmo pela oferta mínima de 6,6 milhões. A sessão estava marcada para a tarde desta sexta-feira (28) na Bolsa de Valores de São Paulo e, como em agosto do ano passado, acabou deserta.

A jazida em questão é a de Povinho de São João e fica em Campo Largo. Trata-se do último ativo da Mineropar e precisa ser alienada para permitir que a empresa pública, em fase de liquidação, seja extinta de vez.

A transferência também é uma forma de o governo se desfazer de empecilhos. Por lei, a autarquia Instituto Água e Terra (IAT), que absorveu os resquícios da Mineropar, não pode deter o decreto de lavra, o que coloca a mina hoje em situação irregular. Outro ponto é que a cessão do direito de exploração da área também isentaria o Estado de passivos vinculados às atividades do local.

O alvará de lavra da Povinho de São João existe desde 1984, mas explorações clandestinas na jazida começaram muito tempo antes. Por causa disso, a área sempre foi palco de disputas protagonizadas pelos proprietários da terra, já que, pela Constituição, recursos minerais pertencem à União e não podem ser confundidos com propriedade do solo.

Com uma tendência de alta do ouro neste e no próximo ano, a remanescência de conflitos relacionados à jazida pode ser um dos motivos que atravanca o processo. Especialistas ouvidos pelo Plural consideram o valor mínimo de oferta proposto pelo governo – R$ 6,6 milhões – bastante atraente e competitivo pelo fato de a mina não ter abundância extrema de mineralização aurífera. Estudo de valoração contratado pelo governo indica uma reserva potencial aproximada de 412 quilos de ouro na área – cada quilo vale, em média, R$ 320 mil. Mas por ser só uma projeção, o risco de investimento e também pode afastar interessados.

Impugnação

O impasse com os superficiários que ainda respinga no empreendimento se arrastou por décadas até a assinatura de contratos de arrendamento que garantiram às famílias o direito exclusivo de aproveitamento dos recursos minerais pesquisados e ajustarem o pagamento de royalties. Para tentar resolver os conflitos, a Mineropar aceitou, em 2006, o recebimento de 2,5% da quantidade de metal apurada na lavra e a indicação, pelas próprias famílias, da Frontier Mining, de fundo canadense, como empresa mineradora, que passou a ser titular dos direitos e deveres anteriormente estabelecidos entre o estado e os proprietários da área.

Por causa de termos previstos nos acordos, a empresa entrou com dois pedidos de impugnação contra o edital de alienação da jazida, alegando desrespeito a cláusulas – que, segundo o governo, teriam deixado de ter validade em janeiro deste ano com o fim do prazo dos documentos.

Segundo a Frontier, o governo do Paraná não foi claro sobre a restituição de valores relacionados ao período de vigência do contrato de arrendamento. A empresa diz que só recebeu licença de operação em 2018, ou seja, a jazida nunca teria chegado a ser explorada de fato, embora tenham sido feitos aportes de somas consideráveis em pesquisa na área. O grupo também afirma que os contratos e aditivos foram estabelecidos sobre um prazo inicial de dois anos, “prorrogados por tempo indeterminado até o exaurimento da mina, que no caso não ocorreu”.

Na visão do governo, o direito minerário está arrendado à empresa até janeiro de 2023, sendo que a “questão do exaurimento da jazida diz respeito, tão somente, à possibilidade do respectivo termo jurídico permanecer sendo prorrogado sucessivamente”.

Ouro em Campo Largo

Campo Largo é a única cidade onde ocorre extração de ouro no Paraná. Os direitos da única jazida em atividade, também não região de Povinho foram detidos pela mineradora Tabiporã. De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), a compensação financeira pela exploração dos recursos da mina a que o Estado tem direito rendeu em 2022 R$ 1,3 milhão. Destes, R$ 707,3 mil ficaram com o município.

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3 comentários em “Jazida de ouro vira “pedra no sapato” da gestão Ratinho Jr.”

  1. Não consigo entender aquil no Paraná mesmo fazendo mineração manual,sem degradar nada ainda é proíbido, só queria saber aqueles ouros todos que foram aprendido para onde foram? Bolso de quem qual político???

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