Indígenas fecham BR-277 em protesto por saúde

Rodovia está totalmente interditada desde cedo. Etnias do Sul e Sudeste não foram recebidas pelo governo Bolsonaro, em Brasília

As duas pistas da BR-277, em São José dos Pinhais, ficaram totalmente interditadas desde às 6h30 desta sexta-feira (12/7). As vias foram bloqueadas por índios de diversas etnias que protestaram por melhorias no tratamento da saúde de sua população. Lideranças comunitárias viajaram dois dias de ônibus até Brasília para tentar um diálogo com o governo de Bolsonaro, porém, não foram recebidas, o que motivou os protestos no Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Acampados há duas semanas em Curitiba, os indígenas chamam a atenção para sua causa, paralisando as rodovias. O protesto foi pacifico e causou 10 quilômetros de congestionamento. Até às 10h30 as vias continuavam totalmente interditadas. A liberação só aconteceu por volta das 11h.

O protesto também foi realizado em outras rodovias do Paraná nesta manhã, que continuam interditadas. São elas: BR-373, km 440, em Mangueirinha; BR-369, km 126, em Jataizinho; BR-373, km 460, em Chopinzinho.

“Estamos com um problema muito sério com este governo e esta secretária, pois eles não nos ouvem; não há diálogo com nosso povo. Estivemos em Brasília tentando dialogar com a secretária e ela fugiu de nossas lideranças, por isso estamos dando esta resposta pra ela. Aqui, somos todos indígenas e vamos lutar pela nossa saúde, pela garantia dos contratos. Não podemos deixar nosso povo morrer”, diz o cacique Darã, da etnia Guarani.

A luta das comunidades indígenas é pela abertura de licitação para um contrato definitivo para o transporte de doentes e agentes de saúde das aldeias. “Temos muitas crianças e idosos que precisam deste transporte. Está na constituição federal que o governo deve respeitar os indígenas e até o momento isto não está acontecendo. Não queremos mais contratos emergenciais. Precisamos de um contrato definitivo”, explica Darã.

Etnias querem garantia de atendimento. Foto: Giorgia Prates/Plural

Nos três estados do Sul e em São Paulo e Rio de Janeiro, as comunidades indígenas são representadas por 115 aldeias e 20 mil indígenas. “Os municípios não vão até as aldeias. O transporte das equipes de atendimento de saúde e dos indígenas até a cidade é feito por carros alugados por meio do terceiro contrato emergencial, pois não abrem edital de licitação”, revela Andreia Takua, presidente do Conselho de Saúde Indígena do Litoral Sul. “Este contrato acaba em 30 de julho e não sabemos como vai ficar. Se vão contratar outra empresa, se vai parar, se vai acontecer uma licitação. Fica sempre esta dúvida e toda vez precisamos nos mobilizar.”

Andreia explica que não há Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU). “A gente não tem Samu. Se alguém se machuca ou passa mal, são estes carros que fazem o socorro. Se eles não estiveram, ficamos sem atendimento. Então agora estamos sem opção, não temos mais como negociar. Precisamos resolver.”

Recentemente, o ministério da saúde chegou a anunciar a extinção da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que seria transformada em um departamento da nova Secretaria Nacional de Atenção Primária. A proposta seria municipalizar os atendimentos, hoje feitos por 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Disei), com profissionais e recursos específicos.

 

Foto: Giorgia Prates/Plural
Foto: Giorgia Prates/Plural
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