Ao anunciar o plantio de 2,5 milhões de árvores em 2020, o Governo do Paraná se equivocou e acabou colocando na imagem publicitária do ‘Programa Paraná Mais Verde’ uma ave que não é típica da região. A intenção era ilustrar a campanha, que inclui outdoors, com a Gralha-Azul, símbolo do Estado. O que acabou sendo aprovado e indo pro ar, no entanto, foi a foto do Gaio-de-Steller, ave típica dos Estados Unidos e da América do Norte.
Apesar de terem a mesma coloração, azul e preta, o Steller’s jay (ou Gaio-de-Steller) não é da mesma espécie, nem nativo da fauna brasileira, além de possuir características bem diferentes da Gralha-Azul. O post, publicado nas redes sociais do Governo, foi apagado e a publicação que ainda constava no Instagram do secretário de Desenvolvimento Sustentável e Turismo (Sedest), Márcio Nunes, também foi excluída nesta sexta-feira (6) após o contato do Plural.
“A característica diferencial notável se encontra no penacho, na cabeça do animal. O Gaio-de-Steller possui a presença de penas maiores na região posterior do crânio, diferentemente da Gralha-Azul, que não tem essas penas destacadas na cabeça”, explica o biólogo e ornitólogo Romulo Cícero da Silva, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). O especialista diz que o penacho é a diferença mais notável, porém há outras, como a coloração em regiões diferentes.
No habitat das duas espécies também há uma grande discrepância. “O Gaio-de-Steller ocorre no hemisfério norte, em uma distribuição que começa no sul do Alasca e termina na América Central. Enquanto a nossa Gralha-Azul ocorre em três países: Brasil, Paraguai e Argentina. No Brasil, ela é endêmica da Mata Atlântica, indo de São Paulo ao Rio Grande do Sul”, destaca o ornitólogo.
“Eu acho uma falha muito grande do Governo, precisamente do órgão ambiental paranaense, de ter usado essa espécie exótica para representar a nossa espécie nativa. Se espera que um órgão ambiental, responsável pela gestão de toda biodiversidade do Paraná, saiba ao menos reconhecer a ave símbolo do seu Estado”. O ornitólogo lembra que a Gralha-Azul é a ave símbolo do Paraná, de acordo com a Lei Estadual n. 7957 de 1984.
O biólogo ressalta que a Educação Ambiental é fundamental para sociedade. “É muito importante conhecer a biodiversidade e saber sobre os seres vivos que nos rodeiam. Isso é fundamental até mesmo para alcançar a preservação das espécies, pois, afinal de contas, só preserva quem conhece.”
Para Raphael Sobania, ornitólogo e guia de observação de pássaros (birdwatching) há 20 anos, “é uma coisa absurda usarem uma ave que nem faz parte da fauna brasileira”. O especialista em aves destaca que o Paraná é um dos estados que tem o maior número de ornitólogos, que poderiam ter sido facilmente consultados antes da capanha e da divulgação da imagem. “É imprescindível que a Educação Ambiental exista.”
O Plural solicitou um posicionamento da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) e do Governo do Estado do Paraná, mas não houve resposta até o fechamento desta reportagem.
Empresa terceirizada
Apesar de aprovar e divulgar o material pelos meios de comunicação do governo, o governo do Paraná informa que os outdoors com o erro foram produzidos por empresa terceirizada, contratada para o serviço, mas que “já estão sendo corrigidos”.
“A empresa responsável pela criação e produção do material assumiu a responsabilidade pelo equívoco e prontamente colocou-se à disposição para a correção e substituição das peças sem custo extra algum para o Estado. O Governo lamenta o ocorrido e reforça que manterá programas ambientais e ações de comunicação que estimulem a preservação da fauna e da flora paranaense”, diz a nota.
Colaborou: Matheus Koga
O problema surge quando a propaganda passa a ser mais importante do que a realidade. Querem passar por amantes da natureza quando pouco conhecem dela. Assim foi com o material divulgado por membros do governo federal em que colocaram um animal exclusivo da Mata Atlântica (o mico leão dourado) como se fosse da região amazônica.
A mediocridade é endêmica tanto entre bolsominions quanto entre ratominions. É impressionante o nível de despreparo dessa turma.
De que adianta plantar se 4000 pinheiros se vão para instalar torres de transmissão, além do que esse governo, assim como o anterior do Beto Richa é a favor da construção do porto privado em pontal. Tanto o Governo Estadual como o Federal são inimigos da natureza.