Estudo da UFPR mapeou 24 deslizamentos na região da BR-376

Centro de Apoio Científico em Desastres realiza estudo na Serra do Mar paranaense desde o deslizamento que matou duas pessoas em 28 de novembro

Um mapeamento realizado pelo Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), encontrou pelo menos 24 pontos de deslizamentos na mesma região em que ocorreu o desastre na BR-376, no litoral do Paraná, que deixou duas pessoas mortas.  

De acordo com o geólogo e coordenador do Cenacid, Renato Lima, o objetivo do estudo é compreender o que tem causado o número elevado de desabamentos de terra na região e porque eles estão ocorrendo neste determinado local. “Não é uma situação padrão você ter essa quantidade de deslizamentos.”

Os cientistas do Cenacid, que já atuaram em desastres como o de Brumadinho e o do Capitólio, ambos em Minas Gerais, estimam que todos os 24 desabamentos tenham ocorrido em um intervalo máximo de 72 horas. “O número, na verdade, é maior ainda, nós estamos estudando apenas a região da rodovia, mas em outros locais da Serra do Mar também ocorreram deslizamentos”, afirma Lima. 

Conforme o estudo, que ainda está em desenvolvimento, não há dúvidas de que as movimentações de massa de terra estejam relacionadas com a prolongada e intensa chuva que atingiu o local, principalmente nas últimas semanas. O que os pesquisadores buscam agora são outros fatores que também podem ter influenciado nesse processo de deslizamento.

Mapa mostra 24 pontos de deslizamentos ocorridos na última semana de novembro. Imagem: Cenacid-UFPR

Estratégia

Segundo o geólogo da UFPR, os deslizamentos podem ser evitados uma vez que há condição de identificar os locais mais favoráveis a esses acontecimentos, a partir da elaboração de mapas de risco. 

Após essa identificação, Lima afirma que é possível hierarquizar os trechos segundo a favorabilidade de ocorrência de deslizamentos. Os que estiverem em posição superior na lista devem ser analisados com mais detalhe e frequência para descobrir se são necessárias obras de contenção ou instrumentos de monitoramento da encosta. 

“Em regiões de serra são esperados deslizamentos. Por isso, esses locais precisam ser vistoriados periodicamente, avaliados por geólogos e técnicos que vão dizer se está estável ou não. Existe toda uma estratégia que busca evitar que ocorra um acidente, mas não é fácil. São processos que têm custo, exigem estudos…”, pondera. 

Cenacid

Criado em 2003 com o objetivo de proporcionar apoio científico e técnico à comunidade em situações de emergências, o Cenacid já atuou em mais de 30 desastres no Brasil e em países como Equador, El Salvador, Venezuela, Argentina e Guatemala. 

O centro, que conta com a atuação de cientistas e pesquisadores de diversas áreas (como Física, Engenharia e Geologia, por exemplo), visa também gerar propostas de ações a serem empreendidas no seguimento da emergência bem como promover cursos de treinamento para o atendimento e prevenção de acidentes.

“Nós estudamos a situação para ver se, aprendendo o que aconteceu e compreendendo melhor os processos geológicos, a gente consegue ajudar a reduzir os desastres futuros”, relata Renato Lima.

Depois da atuação do Cenacid, os pesquisadores elaboram um relatório contendo observações, mapas e recomendações a respeito do evento estudado.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Estudo da UFPR mapeou 24 deslizamentos na região da BR-376”

  1. Situações como essa demonstram o quanto é imprescindível o investimento em pesquisa científica. Esperamos que os recursos retornem às universidades, bom como às demais áreas básicas para o bem-estar da população.

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