Delegado que matou mulher e enteada em Curitiba usa sistema da polícia de dentro da cadeia, diz sindicato

Defesa nega, mas Polícia Civil e Depen se mantiveram em silêncio diante da denúncia, encaminhada à Assembleia Legislativa

Acusado de matar a mulher e a enteada de 16 anos, o ex-delegado Erik Busetti estaria tendo acesso à internet e, com isso, ao sistema da Polícia Civil mesmo de dentro da cadeia. A denúncia foi feita pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) à  Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia Legislativa (Alep) no último dia 23 de novembro. A defesa nega.

Busetti foi denunciado pelo Ministério Público (MPPR) em 20 de março do ano passado e virou réu na Justiça quatro dias depois. Ele é acusado de duplo feminicídio, agravado em relação ao assassinato da esposa, que também era policial civil. Ele a teria matado porque ela não queria mais continuar o relacionamento.

O processo de investigação foi célere. O crime ocorreu no início de março, na residência do casal, no bairro Atuba, em Curitiba. Tanto a esposa, Maritza de Souza, de 41 anos, como a filha dela, Ana Carolina de Souza, de 16 anos, foram mortas a tiros. À época do crime, ele estava lotado na delegacia do Adolescente.

Réu confesso, ele foi preso em flagrante e foi detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde permanece desde então. Lá, segundo a denúncia do sindicato dos policiais, estaria recebendo regalias.

No ofício dirigido à Assembleia consta que o ex-delegado estaria tendo acesso à internet e, com isso, conseguiria entrar no sistema da Polícia Civil, pois ainda “possui a senha da chave Sesp [Secretaria de Estado da Segurança Pública]”. Pela plataforma, ele estaria monitorando informações de entrada e saída de presos para auxiliar outros detentos.

“A gente recebeu a informação de que ele estava tendo bastante regalia, inclusive ajudando presos com os processos. E ajudava com a própria senha dele como delgado no sistema da Polícia Civil. Mandamos um pedido, mas eles não responderam”, disse ao Plural o presidente do Sinclapol, o policial Kamil Salmen.

Segundo Salmen, houve uma movimentação de cela de Busetti logo após o ofício ter sido encaminhado à Comissão.

De acordo com o documento, tanto a Celepar, companhia do governo responsável pelos sistemas virtuais do estado, como Departamento Penitenciário (Depen) foram questionados a respeito da denúncia, mas não cederam o extrato dos acessos feitos pelo delegado.

A Celepar respondeu à reportagem que “somente é operadora dos sistemas dos órgãos do Estado e não toma decisões acerca, da divulgação ou não das questões solicitadas” e os esclarecimentos têm que ser feitos pelo Depen.

O Depen e a Polícia Civil foram procurados na tarde desta segunda-feira (29), mas permaneceram em silêncio.

Já o advogado de Busetti nega todos os fatos citados. Ele classificou a denúncia como “bobagem” e “estupidez” e disse se tratar de uma “vingança despropositada e irresponsável do Sinclapol”.

“Para quem conhece o sistema é impossível logisticamente. Não existe a menor possibilidade de ele ter acesso à internet, de ele ter uma senha para acessar o sistema. Eles querem agitar”, disse o advogado, acrescentando que o ex-delegado permanece sob tratamento de medicamentos fortes. Ele também não mudou de cela recentemente, rebateu a defesa.

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