Casos de Covid triplicam, mas risco de voltar ao auge da pandemia parece afastado

Com o crescimento das infecções, especialistas recomendam o uso da máscara e a atualização do esquema vacinal

Os casos de covid-19 voltaram a aumentar em Curitiba. Em uma semana, triplicou o número de pessoas contaminadas: foi de 123, em 3 de novembro, para 409, na quinta-feira (10). A última vez que a capital teve mais de 400 novos casos foi em 1º de agosto, quando registrou 407. 

Conforme o boletim semanal divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na quarta-feira (9), a primeira semana de novembro registrou 979 novos casos da doença, o que corresponde a uma média de 140 casos por dia. 

O número foi cerca de 59% maior que o da semana anterior (entre 26 de outubro e 1º de novembro), quando foram confirmados 582 novos casos, uma média de 83 por dia.

Ainda conforme o boletim, na semana do dia 2 a 8 de novembro, uma pessoa morreu em decorrência da infecção. Com os novos dados, Curitiba chega a um total de 524.819 infectadas e 8.525 mortes desde o início da pandemia. Atualmente, são 1.358 pessoas transmitindo o vírus na cidade. 

Ao Plural, a secretaria informou que “monitora com cautela” o aumento de casos dos últimos dias, que pode estar sendo causado pela possível circulação da nova variante da ômicron, a BQ.1, já identificada laboratorialmente em outros estados do país.

Procura

Segundo a pasta, a busca da população por atendimento em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) está fora do padrão habitual desde as últimas cinco semanas epidemiológicas.

Entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro, foram registrados 9.434 atendimentos por queixas respiratórias, número 11% acima do volume máximo esperado pelo sistema de saúde. 

No entanto, a SMS afirmou que o cenário não refletiu, até o momento, em agravamento dos casos ou em pressão no sistema de saúde. “Assim como em outros momentos da pandemia, o sistema de Saúde de Curitiba tem capacidade de reorganização rápida para atender o aumento de atendimentos por casos respiratórios, caso haja necessidade”, disse, em nota. 

O último boletim divulgado pela pasta informa que, até 9 de novembro havia um paciente internado em leito de UTI SUS e outros quatro em leitos de enfermaria SUS, por conta do coronavírus. 

O que dizem os especialistas

Para o médico infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe, Victor Horácio, o aumento de casos da doença pode ser reflexo de três fatores: a redução do uso de máscara e retorno das aglomerações; o esquema vacinal incompleto de algumas pessoas; e a transmissão de novas variantes do vírus. 

Para o médico, não existe risco de Curitiba voltar a um patamar preocupante em relação à pandemia e as chances do número de casos ativos voltar ao pico que ocorreu no início do ano (quase 17 mil) são baixas. “Isso porque a vacina protege contra formas graves da doença. A partir do momento que as pessoas começaram a se vacinar, nós começamos a ter um quadro de estabilidade e até redução do número de casos. Na prática, o que vemos é que muitas pessoas que estão com coronavírus atualmente não têm o esquema de vacinação completo.”

Assim como Horácio, a médica infectologista do Hospital Santa Casa e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Viviane de Macedo, acredita que a flexibilização das medidas sanitárias, a volta de eventos sociais e a baixa taxa de pessoas que receberam a dose de reforço podem estar influenciando no crescimento dos casos. 

Segundo dados da Secretaria de Saúde, a cobertura vacinal da primeira dose na cidade está em 88%. A taxa da segunda ou dose única está em 85%. Já a cobertura da dose de reforço cai para 58%. “Há uma redução no número de anticorpos das doses a cada semana que passa. Se uma pessoa só tomou primeira e segunda dose, há mais de dois anos, com a nova variante isso acaba favorecendo infecções e reinfecções”, afirma a especialista.

Na opinião da médica, Curitiba ainda tem meios de prevenir um cenário alarmante justamente por conta da vacinação. “Não acredito que possa haver aquela explosão de casos ou pressão no sistema de saúde como aconteceu em 2021. Pode haver uma sobrecarga em termos de procura médica para testagem, mas não em termos de internação.”

Recomendações

A SMS recomenda à população atenção ao esquema vacinal contra a covid e contra a gripe, indicado para cada grupo. Uma das maneiras de conferir se há doses em atraso é por meio do “Simulador de Vacinas contra a Covid-19”, da prefeitura, que foi baseado no esquema vacinal recomendado pelo Plano Nacional de Operacionalização (PNO) da Vacinação Contra a Covid-19, do Ministério de Saúde.

Além da vacinação, a secretaria também orienta a higienização das mãos, ventilação dos ambientes e o uso de máscaras em caso de sintomas respiratórios ou locais fechados e aglomerados.

Os infectologistas Victor Horácio e Viviane de Macedo sugerem que todas as pessoas atualizem a carteira de vacinação e que aquelas que tiverem qualquer sintoma gripal façam o exame e, até terem o resultado, usem máscara. 

“É preciso ter consciência de que a pandemia não acabou. Se tiver sintomas gripais ou respiratórios, é importante não esquecer que pode ser covid”, finaliza a médica do Hospital Santa Casa. 

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3 comentários em “Casos de Covid triplicam, mas risco de voltar ao auge da pandemia parece afastado”

  1. Curitiba é uma cidade pra Inglês ver. Parece que está sob controle, mas não. A gente vai na UPA e eles prescrevem medicações ineficazes no tratamento do covid19 – como azitromicina e corticóide – o corticóide pode até agravar bastante o quadro clínico do paciente.
    Mas vamos fazer o quê? Na UPA do Campo Comprido esses dias um rapaz morreu de dor de garganta. Esse prefeito Greca sucateia o serviço de saúde pra forçar a gente pra saúde privada.

  2. A situação em Curitiba deve estar bem fora de controle e os números bem mais altos. Ontem fiz um teste de farmácia e deu positivo. liguei imediatamente pro Posto de Saúde do Campina do Siqueira e a moça, depois de perguntar pra alguém o que fazer, disse pra eu ir pro UPA Campo Comprido. Eu disse que eu teria que pegar o Uber, e expor o motorista. Ela disse “pois é, use máscara”. Daí liguei pro telefone da prefeitura de Curitiba dedicado pra covid, esperei e a ligação caiu. A febre subiu a 38.3C durante essas ligações. Já cansada demais pra falar ao fone, enviei um email pra SESA, que respondeu de noite e pediu meus detalhes.
    À essa altura da pandemia, eu esperava uns atendimentos bem mais profissionais e rápidos. Resolvi ficar em casa até que eu ganhe um pouco mais de forças pra ir num hospital ou UPA de a pé, sem expor motorista de Uber/passageiros num onibus com o virus. Tomei as 3 doses de Pfizer, mas já se expiraram.
    Deveriam ter postos dando reforço nos terminais de ônibus e nos aeroportos do Brasil. Estrangeiros tem que ser obrigados a atualizar suas vacinações ANTES do check-in do vôo pro Brasil.
    Por eu não ter feito o teste da UPA ou do hospital, meu covid acho que nem entra pras estatísticas.

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