Cansado de esperar em pé, ele fez um banco no ponto de ônibus

Proposta para instalar bancos em paradas de ônibus tramita na Câmara, mas Daniel de Melo preferiu resolver o problema ele mesmo. "Para todos, não só para mim”, diz

No início de julho, o vereador Angelo Vanhoni (PT), protocolou na Câmara Municipal um projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade da instalação de bancos em pontos de ônibus. No entanto, em Curitiba, algumas paradas já têm bancos por iniciativa da população. 

Em 2017, o ex-deputado Rasca Rodrigues fez um levantamento do número de bancos em pontos de ônibus instalados pela população. Segundo o levantamento, existiam na época 452 bancos instalados pela população em 75 bairros de Curitiba. 

Um desses bancos fica numa parada da rua João Dembinski, no bairro Fazendinha. Daniel de Melo fez e instalou o banco em 2015 – e ele continua lá, no mesmo lugar. Morador da região, Melo pegava ônibus diariamente na mesma parada e, cansado de esperar em pé, decidiu resolver o problema ele mesmo. “Pensei em fazer o banco para dar conforto. Conforto para todos, não só para mim”, diz. 

O banco de madeira foi feito no quintal da casa de Daniel e preso com arames para ficar firme no ponto. “Usei uma madeira muito boa, chamada cambará”, diz. 

Banco no ponto de ônibus

Na época em que fez o banco, a atitude de Melo não recebeu muito destaque nem teve grandes repercussões. “Não estava interessado em receber elogio nem nada em troca”, diz. Algumas semanas depois da instalação, o banco foi quebrado. Felizmente, Melo conseguiu consertar e de novo prender o banco à estrutura de metal do ponto – para garantir que algo assim não voltasse a acontecer. (E não aconteceu.)

Todos os dias, os moradores da região do Fazendinha que esperam pelo Interbairros IV usufruem do trabalho de Melo, que não mora mais no bairro. Mas seu banco permanece no mesmo lugar, faça chuva ou faça sol, há oito anos.

A reportagem entrou em contato com a Urbs para saber se existe algum tipo de estatística referente aos bancos de ponto de ônibus instalados pela população. E a resposta da Urbs foi: “desconheço essa prática”. 

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