Bike compartilhada quer integrar modais, mas fica longe de terminais

Serviço de locação de bicicletas volta a Curitiba com menos unidades que o divulgado e estações sem integração ao transporte coletivo

Frustrado pelo clima chuvoso o lançamento do novo serviço de bicicletas compartilhadas de Curitiba prometeu, mas não entregou a integração com o modal de transporte coletivo. Com trinta e uma estações principalmente na região central da cidade, o sistema não tem nenhuma em terminais de ônibus da cidade. O número de bicicletas disponíveis também está aquém do prometido: são 35 ao invés das 250 divulgadas nas redes sociais do prefeito Rafael Greca (PSD) e posts da prefeitura.

Como as bicicletas precisam ser retiradas e devolvidas em estações do sistema em um período máximo de 60 minutos de cada vez, o raio de utilização delas em Curitiba fica limitado a cerca de 6 quilômetros além dos pontos mais distantes do centro. Não é o suficiente, por exemplo, para um usuário locar uma bicicleta na Rua Gastão Câmara, 559, no Bigorrilho e ir até ao campus Ecoville da Universidade Positivo ou o da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), na Cidade Industrial.

Mas dá para ir da Gastão Câmara ao Parque Barigui, onde estão instaladas duas estações da Tembici, talvez um indicativo de que o recurso terá finalidade mais de lazer do que de modal de transporte na rotina da cidade. Mesmo os entregadores de aplicativos terão dificuldade em usar o serviço porque o plano de uso mensal limita as viagens a 4 de 60 minutos por dia, muito menos que o dia de trabalho de um entregador de serviços como o iFood.

O raio de 6 quilômetros aumentará com a chegada das bicicletas elétricas do serviço. A promessa é que elas entrarão em operação no final de agosto. Serão, diz a prefeitura, mais 250 bicicletas. Por enquanto, afirmam, 250 bicicletas mecânicas já estariam disponíveis. Mas no aplicativo do sistema, desde segunda-feira, 17 de julho, o total máximo de bicicletas indicado nas estações mesmo em momentos de chuva intensa foi de 35.

Em declaração publicada pela assessoria de imprensa da prefeitura, Greca reforçou a promessa de integração ao modal de transporte coletivo: “A ideia é colocar bicicletas compartilhadas para estimular a ciclomobilidade como modal de transporte, com estações próximas aos terminais e na área central da cidade. Até o final de agosto, outras 250 bicicletas elétricas entrarão em operação”.

Das trinta e uma estações instaladas (indicadas no app da Tembici), as três mais próximas a terminais de ônibus ficam de 200 a 600 metros de distância. A mais próxima é a do Senac Centro, que está a 210 metros do Terminal Guadalupe, no Centro. O Guadalupe também conta com outras duas estações da Tembici próximas: a do Shopping Itália (300 metros) e uma estação na Mariano Torres.

Já a estação mais próxima do Terminal Campina do Siqueira fica rua Gastão Câmara, a 450 metros de distância. E a da rua Carlos Dieztsch, no Portão, fica a 600 metros do Terminal do Portão. No Cabral, a estação mais próxima, que fica na Av. Paraná com a Moyses Marcondes, fica a um quilômetro do terminal.

Por outro lado, as estações estão concentradas na Regional Matriz de Curitiba, que reúne 18 bairros da região central. Só sete estações ficam em outras regionais: duas no Parque Barigui (muito embora parte do parque seja parte do Bigorrilho e, portanto, da Regional Matriz) e cinco na regional Portão (3 estações no Água Verde e duas no Portão).

As atuais estações não viabilizam nem ligações óbvias, como a da Reitoria da UFPR, no Centro, com o Setor de Artes, Comunicação e Design ou o setor de Agrárias e o Hospital Veterinário, ou mesmo o IPPUC (que teria participado do processo de definição dos locais das estações), todos localizados na mesma região do Cabral a cerca de dois quilômetros da estação Tembici UFPR.

A estação mais próxima a esses locais acrescenta pelo menos 800 metros ao percurso e fica na Moyses Marcondes. Ou seja, quem quiser usar o serviço terá que locar a bicicleta para pedalar até a Moyses Marcondes e então caminhar o restante do caminho.

Em outras cidades em que o sistema foi implantado, a lógica é de disponibilização de estações em hubs do sistema de transporte coletivo e em áreas em com poucas opções de modais de transporte, de forma a estimular as pessoas a deixar o carro em casa e usar a bicicleta em parte do trajeto e o ônibus no restante.

Em Curitiba, as estações estão concentradas em locais com inúmeras opções de modais de transporte. O sistema, porém, não está completamente implantado, uma vez que novas estações deverão ser instaladas com área de carregamento para as bicicletas elétricas.

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4 comentários em “Bike compartilhada quer integrar modais, mas fica longe de terminais”

  1. Carlos Eduardo de Mesquita Barros

    Olá amigos do Plural,

    Excelente a matéria sobre o sistema Tembici. Poderia se chamar Tembiciparapoucos

    Como usuário do transporte “público” manifesto minha tristeza e desânimo ao ver como reduziram a frota de ônibus em Curitiba.
    Abraço

  2. Perfeita tua colocação Rosiane, pelo que soube a idéia é mesmo expandir aos terminais … ja poderiam ter começado assim … mas vamos acompanhar e continuar pedindo essa implantação como modo de integração desse modal ao nosso sistema de mobildade

  3. Para que essas bicicletas virassem, de fato, um modal de transporte, seria necessário que houvesse o elementar: ciclofaixas ou cliclovias próximas às estações.
    Como estão, elas correm o risco de mais atrapalhar do que ajudar, além do perigo maior para os usuários.
    Enfim, algo mais na nossa cidade para “mostrar” aos turistas…

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