Foi preso na tarde desta quarta-feira (30) Paulo César Bezerra da Silva, de 35 anos, acusado de tentativa de homicídio contra o músico Odivaldo Carlos da Silva, o Neno, ocorrido no último dia 22, em Curitiba.
Silva vai responder por tentativa de homicídio qualificado por motivo racial, já que, enquanto agredia a vítima com um cassetete, o chamou de “macaco” e afirmava que “moradores de rua deviam morrer”. Neno é um homem negro e andava pela rua dr. Faivre quando foi espancado.
A defesa do acusado é feita pela advogada Daniele Mulinari. De acordo com ela, o cliente já tinha um desentendimento anterior com a vítima, ocorrido cerca de um mês atrás, e por isso resolveu tirar satisfação. Todavia, Mulinari nega que Silva tenha cometido o crime de racismo. “Questionei o Paulo e ele disse que não há nenhuma questão de racismo”, declarou. “Ele admite as agressões, por isso responde pelo que fez, mas a punição deve ser na medida proporcional”.
Neno, por sua vez, falou ao Plural que não conhecia o agressor e não havia nenhuma animosidade passada.
A prisão de Silva ocorreu após o depoimento prestado no 1º Distrito, em Curitiba. O inquérito é conduzido pelo delegado Danilo Zarlenga, que, diferente da Polícia Militar (PM), entendeu que não se tratava de lesão corporal e sim tentativa de homicídio qualificado, que é um crime mais grave.
“O sentimento [com a prisão] continua o mesmo. Ainda não estou saindo de casa porque podem existir outras pessoas como ele. Então estão me preservando”, lamentou a vítima.
Ficha criminal
Além de responder por delitos mais leves, Silva também é investigado por outra tentativa de homicídio em Curitiba, ocorrida em Santa Felicidade (já próximo ao São Bráz) em 2019.
A Justiça só pediu a prisão neste caso após a repercussão da agressão contra o músico, que mobilizou setores de defesa dos Direitos Humanos e Movimento Negro.
Defesa
Nesta terça-feira (29) um grupo chegou ir até a delegacia para pedir celeridade nas investigações. A ideia era pressionar as autoridades durante o depoimento, que estava previsto para esta data.
A defesa do acusado, no entanto, postergou o depoimento porque o autor do espancamento estaria sendo ameaçado pela população que se comoveu com o caso e até mesmo por pessoas a mando da vítima.
O Plural questionou a defesa se existe algum boletim de ocorrência a respeito destas situações, mas nenhuma queixa foi formalizada.
Depois do depoimento, o agressor foi encaminhado para o Centro de Triagem da Polícia Civil do Paraná.
Crime
Paulo César Bezerra da Silva vai responder por tentativa de homicídio e por racismo, que é uma qualificadora.
O músico Neno teve um dente quebrado e diversas lesões na cabeça, braços e tórax. Ele precisou de atendimento médico e foi socorrido pelo Siate após o crime.
Em TV aberta, o acusado afirmou que “ninguém apanha de graça” e admitiu o espancamento. Além disso, imagens (veja abaixo) revelam que ele incitou um cão a atacar a vítima, que tentava fugir.
A vítima mencionou que o acusado usou frases racistas durante o ataque, versão corroborada por uma testemunha que passava pela rua Dr. Faivre, onde ocorreu o ataque.
Outras pessoas que moram nas imediações afirmaram que não é a primeira vez que o acusado age de forma violenta. Ele costuma retirar pessoas em situação de rua usando de truculência, sobretudo com pessoas negras, como o músico.
Acompanham o caso a Defensoria Pública do Estado, Conselho Nacional de Direitos Humanos, Assessoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, bem como o Ministério Público.
Nesta quinta-feira (01) o delegado Danilo vai dar uma coletiva de imprensa no 1º Distrito para falar sobre a conclusão do inquérito.
Não só o Estado do Paraná, mas o Rio Grande do Sul, ambos despontam nessas barbaridades. QUE COISA LAMENTÁVEL!!!
Bom dia!
Parabéns pelo bom trabalho! Só fico muito curioso para saber se o racista Paulo César Bezerra da Silva recebe para se comportar como se comporta.
Afinal, quem paga as contas do Sr. Paulo César Bezerra da Silva?