Dez alunos do Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus de Paranaguá, estavam com os passaportes carimbados para estudar em Portugal e agora estão vendo o sonho sumir no horizonte graças à agência de viagens 123 Milhas. Os estudantes fazem parte de um programa de mobilidade acadêmica com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e chegariam entre o dia 1º e 4 de setembro para passar de 15 dias a um semestre no instituto educacional português.
Intermediado pelo professor Everaldo dos Santos do eixo de Ciências da Natureza e Meio Ambiente do IFPR, o convênio atende estudantes de graduação e pós-graduação e cobre despesas como alojamento, seguro saúde, e alimentação durante o período em Portugal. Porém, à exceção de dois alunos que contam com bolsas de pesquisa entre os 20 selecionados para a edição deste ano do programa, as passagens precisam ser custeadas pelos próprios participantes. Assim, cada um compra o seu bilhete individualmente. Foi exatamente o que fizeram os outros 18 intercambistas, dez deles compraram pela 123 Milhas.
Como nos conta o professor, ontem (18), esses dez estudantes receberam comunicado por mensagem da agência de viagens cancelando os bilhetes de embarque, alguns ainda conseguiram fazer um primeiro contato com a 123 Milhas, mas em seguida os canais de comunicação oficiais da empresa (chat, WhatsApp, telefone e e-mail) pararam de responder. Como uma espécie de compensação pelo “transtorno”, foram oferecidos vouchers para os estudantes – em um dos casos, o valor do voucher foi de R$ 41 mil.
Valor das passagens dobra
Entre todos os problemas, o maior para os alunos do IFPR surpreendidos com os cancelamentos é o aumento do custo com as passagens. Como a resolução do caso não deve acontecer tão cedo, a saída seria pagar por outra passagem, porém a emissão praticamente às vésperas do embarque só é possível para quem tem bastante dinheiro no bolso, chega ao dobro do preço conforme conta a estudante de Pós-graduação em Gestão Ambiental, Lilia Casubek Carlim, de 29 anos.
A chegada de Lilia estava programada para o dia 4 de setembro, para passar 15 dias no IPVC e também apresentar sua pesquisa lá. Então, ela efetuou a compra de sua passagem em 26 de maio, por cerca de R$ 5.600 na 123 Milhas e, em sua busca por novos bilhetes de ontem para hoje, somente encontrou preços superiores a 10 mil reais. “Sinceramente, gastei as economias que tinha para comprar as passagens”, diz a estudante ao afirmar que não tem condições financeiras para seguir participando do programa de intercâmbio.
A frustração de um sonho
A jovem vai procurar um advogado para auxiliar na resolução do caso, mas deixa claro que o sentimento agora é de frustração: “O sonho de qualquer pesquisador é mostrar a sua pesquisa em um evento internacional; chegar agora, tão perto da viagem, com tudo programado, e receber uma notícia dessa me abalou completamente”.
Ainda segundo o professor dos Santos, os outros alunos prejudicados pretendem procurar órgãos de defesa do consumidor para ter ajuda, contudo, como o aviso da 123 Milhas foi feito ontem, ainda não conseguiram.
O Plural tentou contato com a 123 Milhas por e-mail, chat e WhatsApp e não houve resposta até a publicação desta reportagem. As ligações feitas para o telefone da empresa não foram atendidas.
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