Renato Freitas expõe delação premiada contra Traiano. Provas apontam propina de R$ 100 mil

Documentos foram incluídos em defesa apresentada por petista ao Conselho de Ética. Caso está na gaveta do Ministério Público desde 2020

O deputado estadual Renato Freitas (PT) incluiu em suas alegações finais em um processo que responde no Conselho de Ética denúncias graves contra o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD). São trecho que jamais tinham vindo à tona de uma delação premiada feita pelo empresário Vicente Malucelli, primo do multimilionário Joel Malucelli. Na delação, Vicente diz que teria provas de que Traiano e e o ex-primeiro-secretário da Assembleia, Plauto Miró (União) teriam recebido R$ 100 mil cada para reverter o resultado de uma licitação.

O caso foi levado ao Ministério Público em 2020, e como corre em segredo de justiça, nenhum jornal tinha tido acesso até hoje ao conteúdo da delação. Ao ser denunciado por Traiano ao Conselho de Ética, Renato chegou a arrolare Vicente Malucelli como sua testemunha. No entanto, a defesa do empresario, liderada pelo advogado Elias Mattar Assad, disse que Vicente tinha um compromisso de sigilo com o Ministério Público e não poderia depor.

Renato foi denunciado por Traiano ao Conselho de Ética por ter dito, na sessão plenária de 9 de setembro que o presidente da Assembleia era corrupto. Alegando quebra de decoro parlamentasr, Traiano pediu a cassação de seu mandato. Na sua defesa, Renato, representado pela advogada Monike Santos, afirma que não cometeu quebra de decoro e que discussões fortes na Assembleia jamais geraram punição. Além disso, diz que tem provas de corrupção de Traiano. A partir daí, são citados os trechos da delação.

Licitação revertida

A licitação para a escolha da empresa que faria as transmissões da TV Assembleia acabou com a TV Icaraí, de Joel Malucelli, em segundo lugar. A emissora, de Maringá, faz parte do império de Joel, dono, entre outras, das afiliadas da Band TV do Paraná, da BandNews FM e da Alpha FM, da Rádio Cidade de Curitiba e Paranaguá. Vicente, que trabalhava com o primo, segundo a delação, foi enviado como emissário para conversar com Traiano e Plauto.

Na conversa, segundo Vicente, Traiano escreveu o valor de R$ 300 mil em um papel. Seria o dinheiro necessário para que ele entregasse o serviço para a Icaraí. Vicente afirma que vai conversar com o responsável e voltará a procurá-los. Dias depois,ele reaparece com uma contraproposta de R$ 200 mil, sendo R$ 100 mil para Traiano e R$ 100 mil para Plauto. A proposta, segundo Vicente, teria sido aceita.

“Eu entendi naquele momento que se eu não colaborasse ou se não desse essa ajuda de campanha eu ia ter o contrato rescindido, foi esse o nosso entendimento, mas o Joel ficou bastante consternado com o valor e depois de algumas diligências com ele, consignamos que íamos pagar R$ 200.000,000, R$ 100.000,00 para cada um”, relata Vicente em trecho de depoimento transcrito nas alegações finais da defesa de Freitas.

O documento também contém a transcrição de gravações de conversas de Vicente com Traiano. Em um trecho os dois estariam negociando o pagamento de uma parcela do acordo na conta de uma “empresa mecânica” e Traiano pede a Vicente que não comente com o deputado Plauto Miró que ele já havia recebido a primeira parcela:

Em outro trecho Traiano e Vicente acertam o pagamento, mas também conversam sobre a programação da TV Assembleia. Vicente pergunta se Traiano vai a uma festa e se é para levar mulher ou “tem que arrumar lá?”

Julgamento

O caso de Renato Freitas na Comissão de Ética já passou pela fase de oitiva de testemunhas. Agora, o processo está na mão do relator, Matheus Vermelho (PSD). Na semana que vem, o deputado deve apresentar um relatório final, que pode sugerir o arquivamento do caso ou alguma punição. Em seguida, o relatório será votado no Conselho.

Caso o Conselho aprove alguma punição – que pode variar desde uma advertência verbal até a cassação do mandato, passando por suspensão de prerrogativas mais leves – o processo será levado a plenário.

Sobre o/a autor/a

4 comentários em “Renato Freitas expõe delação premiada contra Traiano. Provas apontam propina de R$ 100 mil”

  1. Bem, se essa delação e os fatos nela ocorrido se comprovarem verdadeiros, o objeto deste processo, oriundo da palavra “corrupto” dita em plenário, fica prejudicado e sem efeito. A impressão que fica, por consequência, é que vem chumbo grosso por aí.

  2. Renato Freitas é um jovem político de carreira meteórica. Um guerreiro lutando pela igualdade social. Há velhos políticos que estão totalmente incomodados. Renato, precisa se cuidar! A direita é ignorante, bruta, ás vezes cruel! Políticos perdem um boi, mas não um voto! O processo de cassação não dará em nada e, se der, nós o elegeremos novamente.

  3. João Victor de Mello

    Cadê os defensores da moralidade, da justiça e do combate a corrupção?
    Eles não vão se manifestar. Pelo contrário, vão se apoiar, é o pacto narcísico da branquitude.

    Renato é um de nós. E nós população negra paranaense e movimento negros, precisamos resistir e defender o mandato de Renato Freitas. Muito mais do que fizemos quando tentaram cassar o mandato de vereador.

    E minha principal provocação agora, não é aos lavajatistas paladinos da justiça. Mas a esquerda, aos progressistas e a branquitude que se intitula antirracista. Se vocês não se movimentarem, estarão na zona de conforto usufruindo de seus privilégios e apoiando o Traiano. E aí, vão fazer o quê? Vão para a zona de conflito?

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