Operação que investiga rachadinha “limpa” gabinete e apreende armas de Ricardo Arruda

Na casa do parlamentar, Gaeco encontrou e apreendeu armas supostamente irregulares. Político rechaça operação

Agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) passaram quase três horas dentro do gabinete do deputado Ricardo Arruda, do PL, alvo de uma operação nesta quarta-feira (25). A chegada na Assembleia Legislativa (Alep) foi por volta das 6h. Na saída, pouco antes das 9h, a equipe levava celulares e computadores usados no dia a dia do gabinete, de acordo com fontes ouvidas pelo Plural. Em endereço pessoal do parlamentar, armas em condições supostamente irregulares foram apreendidas.

A defesa do deputado disse que as buscas foram “desnecessárias”. Missionário Ricardo Arruda vem sendo investigado desde 2020 dentro de um esquema que teria estabelecido a cobrança de propina de policiais militares banidos para reintegrá-los a corporação. O processo sustenta ainda indícios de prática de lavagem de dinheiro e rachadinha no gabinete do político, eleito para o terceiro mandato consecutivo na onda do ultraconservadorismo que se espalhou pelo país.

Além do gabinete e da casa do deputado, as diligências do Gaeco, braço do Ministério Público do Paraná (MPPR), chegaram a outros locais. Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Curitiba e nas cidades paulistas de Espírito Santo do Pinhal e São Paulo – nas últimas, com aval do Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo a reportagem apurou, foram três mandados cumpridos nas cidades paulistas, todos em endereços ligados a Arruda.

O MPPR informou que, por causa da natureza dos delitos investigados, a investigação tramita em segredo de justiça e há colaboração da Alep nas apurações em curso. A operação recebeu o nome de Fração, uma alusão ao suposto esquema de rachadinha e que Arruda nega ter existido.

A defesa do político afirmou ter sido “desnecessária” a diligência da Gaeco, pois “tudo já havia sido esclarecido, com comprovação testemunhal e documental, inclusive”. Segundo a nota assinada pelo advogado Jeffrey Chiquini, não há elementos para justificar “extremada medida”.

Sobre as armas apreendidas na residência do parlamentar, o gabinete de Arruda disse que estavam com registro válido e devidamente recadastradas no sistema da polícia federa e que, por isso, os objetos foram apreendidos “equivocadamente e sem justificativa”. “A informação dada é de que não estavam encontrando no sistema, embora tenhamos apresentado o protocolo do recadastramento. Tudo está sendo esclarecido”, diz a nota.

Ricardo Arruda é conhecido por usar a tribuna da Assembleia para ataques constantes ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e instituições brasileiras, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros. As falas do deputado sempre mais alinhadas a temas nacionais e internacionais vêm provocando críticas de um conjunto de deputados, que defende que o plenário da Casa de Leis do Paraná dê mais ênfases a problemas locais. O movimento levou a estudos de revisão do regimento interno da Assembleia.

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