Greca: ônibus não terá reajuste. Déficit será de R$ 184 mi

Déficit em 2023 foi de R$ 154 milhões, o equivalente a um quarto do aumento na arrecadação de impostos na cidade no ano

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), confirmou esta semana que a tarifa social do transporte coletivo não será reajustada este ano. O preço do ônibus é um dos temas mais importantes neste ano de eleição municipal e Greca tenta emplacar como seu sucessor o vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), uma figura virtualmente desconhecida na cidade, a despeito da presença constante nas redes sociais e no site da prefeitura nos últimos meses.

A decisão de manter o preço do ônibus na catraca em R$ 6,00 irá resultar num déficit provável de R$ 183 milhões de reais, se considerada a manutenção do número de passageiros e a inflação prevista para o ano, que é de 3%. Em 2023 a prefeitura cobrou R$ 6 dos passageiros – uma das tarifas de transporte coletivo mais caras do país – mas pagou às empresas concessionárias um valor médio de R$ 7,11. Essa discrepância resultou em R$ 154 milhões a mais pagos pela prefeitura às empresas de transporte.

A manutenção do preço do ônibus, muito embora positiva para o governo de Greca, esconde uma contabilidade não tão interessante para o contribuinte. Na próxima segunda-feira, dia 26 de fevereiro, quando a prefeitura apresentar à Câmara Municipal o balanço das contas municipais para 2023, um dos pontos positivos destacados será o aumento na arrecadação em R$ 1,2 bilhão. Metade disso, cerca de R$ 642 milhões, vem do aumento na arrecadação de impostos na cidade. Os R$ 154 milhões em subsídios para a Rede Integrada de Transporte (RIT) de Curitiba representam 24% disso.

O comunicado da prefeitura sobre a manutenção do preço da tarifa informa que há previsto no orçamento da cidade R$ 60 milhões para cobrir o déficit. Também informa que a URBS tenta garantir R$ 60 a R$ 70 milhões de subsídios do governo federal para cobrir o custo da gratuidade de transporte de idosos na cidade. Outra estratégia da prefeitura é tentar conseguir dinheiro junto ao governo do Estado, que está nas mãos do companheiro de partido de Greca, Ratinho Júnior. O governo controla a COMEC, que gere o transporte coletivo de passageiros na região metropolitana de Curitiba e um aporte de recursos para a capital teria como justificativa o transporte de passageiros da RMC que circulam pela rede integrada.

Para dar conta do déficit a prefeitura teria que conseguir de Ratinho Júnior pelo menos outros R$ 60 milhões. Isso tudo se a RIT conseguir, em 2024, manter o número de passageiros transportados. Mas como o Plural já noticiou, o transporte coletivo da capital teve em 2023 o menor número de passageiros equivalentes registrados nos últimos 14 anos. As empresas concessionárias do serviço também tiveram seus ônibus rodando pelo menor total de quilômetros no período. Se a tendência de queda se manter, Curitiba poderá chegar a um déficit de mais de R$ 200 milhões.

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