Filho de Marcelo Arruda diz que ele foi um herói e salvou muitas pessoas no dia do ataque

O policial penal Jorge José da Rocha, autor do homicídio, segue internado em estado grave

Familiares do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros pelo policial penal federal Jorge José da Rocha, em Foz do Iguaçu, organizaram um ato em memória da vítima, que atuava como tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade.

Mesmo apreensivos com a escalada da violência política, eles prepararam uma manifestação que acontece neste domingo (17), na praça da Paz, em Foz do Iguaçu, a partir das 10 horas. Outras cidades também terão atos em memória de Arruda, que faleceu no último domingo (10).

O filho da vítima, Leonardo Miranda de Arruda, falou com o Plural sobre o assassinato e disse que apesar da insegurança, familiares e amigos querem defender a democracia. “Acho que todo mundo no país, que de alguma forma apoia o PT ou o Lula, hoje se sente inseguro, porque imagino que possam existir mais pessoas assim no Brasil, que queiram matar por divergências políticas. Então nós devemos ficar alertas quanto a isso”.

“A gente não está aqui para levantar nenhuma bandeira partidária no ato. Queremos levantar a bandeira da paz, da justiça e o fim do ódio dentro da política. Para que as pessoas possam respeitar umas as outras. É uma democracia, a gente preza por isso e o meu pai também prezava”, completa.

Em nota emitida na tarde desta quinta-feira (14), a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) e a Polícia Civil do Paraná disseram que foram ouvidas 18 testemunhas até agora. O inquérito policial que investiga o homicídio, a pedido do Ministério Público do Paraná (MPPR), deve entrar em segredo de Justiça.

O pedido foi feito pelo núcleo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). De acordo com o MP “o objetivo é evitar interferências externas que possam influenciar nas investigações”.

O Gaeco também pediu que o telefone celular do investigado seja encaminhado ao Instituto de Criminalística para perícia, assim como o aparelho que gravou as imagens das câmeras de segurança no local do crime.

A Sesp, por sua vez, confirmou que a análise das imagens que mostram o assassinato do petista já foi concluída. Agora os investigadores fazem “diligências complementares”.

Um herói

Testemunhas ouvidas no inquérito e pela reportagem afirmaram que o atirador não conhecia o aniversariante – que completava 50 anos no dia do crime – e nenhum dos presentes na festa, cujo tema era o PT.

“No momento do crime o cara chega com palavras de ódio. ‘Aqui é Bolsonaro. Aqui é mito. Vou matar vocês petistas’, ele dizia. Aí meu pai tenta tirar ele da festa, mas ele não quer sair. Insiste em ficar e diz que vai matar todo mundo”, conta Leonardo Arruda.

Depois da primeira da discussão o acusado deixa o local, porém retorna na sequência, invade a Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf), onde ocorria a comemoração, e atira contra a vítima.

A companheira de Arruda, Pâmela Suellen Silva, conseguiu empurrar o atirador, o que deu tempo para que a vítima revidasse ao ataque. O policial penal caiu e ambos são socorridos pelos bombeiros instantes depois. No entanto, o petista morreu no hospital.

“Nós recebemos a notícia [da morte], quando estávamos em casa. Eu fui até o hospital após o ocorrido e a médica responsável pediu para falar com algum familiar. Aí ela passou para mim o quadro dele, que era estado gravíssimo. Ela disse que eles estavam tentando fazer de tudo para não deixar ele morrer (…). Esperamos que a justiça seja feita e que possamos honrar o nome do meu pai porque ele foi um herói e evitou a morte de muitas pessoas naquela noite”, lamenta o filho.

Motivação política

O assassinato de Marcelo Arruda repercutiu entre os políticos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a ligar para os irmãos da vítima, que são seus apoiadores, mas não falou nem com a companheira e tampouco com os filhos. “Eles não procuraram nem a mim e nem a companheira do meu pai”.

Durante a ligação o presidente diz que a “mídia” está tentando o culpar pela ação do policial penal e tenta descolar a motivação política por trás do homicídio.

“Eu tenho plena convicção de que ele foi movido pelo discurso de ódio né? Discurso político que cerca as pessoas nas quais ele acredita. É um discurso de ódio, que já vem sendo noticiado há muito tempo. Não sou eu quem estou falando isso. Toda imprensa já conhece, já sabe os discursos: tem que matar todo mundo, matar petistas, então uma hora alguém vai fazer isso. Eu nunca imaginei que fosse meu pai essa vítima. Se isso não é ódio político, o que é isso então?”.

A expectativa é de que o inquérito seja concluído na próxima semana e encaminhado ao MP para que faça a denúncia.

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1 comentário em “Filho de Marcelo Arruda diz que ele foi um herói e salvou muitas pessoas no dia do ataque”

  1. Que ataque? Vcs não assistiram os videos? O cara foi tirar satisfação de forma louca contra o cara que morreu. Não tinha nada de politica. Foi um crime por motivo futil.

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