Empreiteira suspeita de subornar funcionários do DER foi citada na Lava Jato

Apesar das revelações feitas por ex-diretor do DER, a Lava Jato não abriu investigações sobre a Dalba

A Dalba Engenheria, principal empreiteira envolvida na operação Fora de Área, deflagrada na quarta-feira passada (27 de julho), foi citada também nas investigações da Lava Jato. O documento que revela o nome dessa empresa é a delação premiada de Nelson Leal Junior, ex-diretor do DER indicado pelo ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). A Dalba teria se envolvido em esquemas de pagamentos ilícitos usando o dinheiro resultante dos contratos ganhado com o DER.

De acordo com o ex-diretor do DER, várias empresas ajudaram a financiar a campanha eleitoral de Beto Richa em 2010 e o governador teria assumido o compromisso de facilitar a relação dessas empresas com o Estado do Paraná. Pelo menos foi o que afirmou Nelson Leal, à época diretor-geral da Secretaria de Infraestrutura e Logística, comandada por José Richa Filho, irmão do governador. Entre as empreiteiras que teriam se beneficiado desse esquema de corrupção, segundo a delação de Nelson Leal, estava também a Dalba.

“Havia mais ou menos sessenta empresas que participavam do esquema de arrecadação ilícita do DER/PR principalmente aquelas com contratos do COP (Conservação de Pavimento) e do Cremep (Conservação e Recuperação com Melhoria do Estado do Pavimento) que são programas de manutenção de rodovias”, revelou o ex diretor do DER liberada aos procuradores da Lava Jato.

A Dalba é ativa no mercado paranaense de serviços de conservação e recuperação dos pavimentos das rodovias no Paraná e nos últimos anos conquistou vários contratos desse tipo com o DER. Em alguns casos, como mostrou o Plural, essa empresa foi suspeita de superfaturamento de obras ou irregularidades nas licitações ganhadas com o DER.

Nelson Leal estima que nos contratos mais importantes assinados pelas empresas (incluindo a Dalba) com o DER havia uma taxa de propina entre 1% e 3%. Este dinheiro iria não só para ele, mas também para o ex-governador Richa. O ex-diretor do DER não deu mais detalhes sobre o papel da empreiteira Dalba e nem sobre o valor de propina paga ao Richa.

Apesar das revelações do ex-diretor do DER, a Lava Jato não abriu investigações sobre a Dalba. A empresa de Guarapuava está atualmente sob investigação do MPPR, por suspeita de ter subornado dois funcionários do DER para evitar a fiscalização das obras relativas aos contratos assinados pela empresa. A maioria deles estava relacionada à manutenção das rodovias no Paraná.

Falta de fiscalização

Outro fio que une a investigação realizada pela Lava Jato e a operação Fora de Área do MP diz respeito às empresas que foram contratadas para verificar a qualidade do trabalho realizado nos contratos do DER. Uma dessas empresa, citada na delação de Nelson Leal, está presente em um consórcio junto com outra empresa citada na última operação do MPPR.

“As empresas responsáveis pela fiscalização eram Engefoto, Dalcom, Tecom, Esteio (…) essas empresas estavam entre aquelas que pagavam valores indevidos mensalmente para Neco (Aldair Petry, principal operador das propinas do DER/PR)”, afirmou o então diretor do DER.

A Engefoto faz parte do consorcio Engefoto-Engemin. A Engemin é a empresa que havia ganhado o contrato de fiscalização das obras da Rodoviário PR-466, licitação obtida pela Dalba em 2018.

Conforme a decisão do Tribunal de Contas em outubro de 2020, a “Engemin falhou em sua obrigação contratual de fiscalizar a execução das obras pela empreiteira”. Embora tenha sido mencionada na investigação do Ministério Publico, os funcionários da Engemin não foram investigados.

Habeas corpus

Na quinta-feira passada (28 de julho), ou Tribunal de Justiça do Paraná concedeu o habeas corpus a Luciano Daleffe, dono da Dalba Engenharia, e a dois funcionários da mesma empreiteira. De acordo com a decisão da desembargadora do TJ-PR, os fatos remontam entre o 2017 e o 2020, então não é justificada a manutenção dos investigados na prisão. Na mesma decisão, o tribunal ordenou que os suspeitos não mantenham contato entre si.

Nota de esclarecimento

A Engefoto não está envolvida na operação Fora de Área e não partecipou junto com a Engemin no contrato de fiscalização das obras da Rodoviária PR-466. O ex diretor do DER Nelson Leal Junior não levantou duvidas sobre a qualidade dos trabalhos feito pela Engefoto nos contratos com a autarquia estadual.

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2 comentários em “Empreiteira suspeita de subornar funcionários do DER foi citada na Lava Jato”

  1. Bom dia, solicito a correção do termo “CREMEP – Conservação e Recuperação com Melhoria do Estado do Pavimento”, pois na matéria está “CREMEPE”.

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