Os deputados estaduais do Paraná estão se articulando para votar na próxima semana uma verba adicional concedida pela Assembleia Legislativa para que eles possam viajar semanalmente de avião de suas cidades para Curitiba. O valor, pelo que o Plural apurou, deverá ser de R$ 8 mil mensais. Caso todos os deputados utilizassem o valor na íntegra, isso significaria um custo extra de R$ 5 milhões ao ano para o contribuinte.
O projeto está sendo preparado pela Comissão Executiva, presidida por Ademar Traiano (PSD), que nos últimos dias se tornou notícia nacional por ter feito um acordo com o Ministério Público em que admite ter recebido propina. O caso ocorreu em 2015, na renovação do contrato da TV Icaraí, que prestava serviços para a TV Assembleia. Traiano e o então deputado Plauto Miró (União) receberam R$ 100 mil cada da empresa de Joel Malucelli.
Avião para todos
A proposta que deve ser apresentada em plenário prevê um modelo parecido com o da Câmara dos Deputados, em Brasília. Lá, os parlamentares são ressarcidos por passagens para seus estados – as distâncias são bem maiores, já que há deputados de todas as regiões do país. Ao contrário do que acontece no Congresso, porém, pelo que se sabe até o momento, o teto seria fixo independente da região do deputado estadual (na Câmara, um deputado de Rondônia tem direito a um valor maior do que outro que mora perto de Brasília, por exemplo).
Hoje, os deputados estaduais já podem comprar passagens aéreas com dinheiro público, desde que tirem a verba da cota mensal a que têm direito. Agora, porém, a ideia é ter uma rubrica específica para aviação, liberando mais verba da cota para outras atividades.
Moeda de troca
A existência da cota específica de passagens aéreas seria uma reivindicação antiga de deputados do interior, que dizem gastar uma parte muito grande da cota de ressarcimento para se deslocarem. Na semana passada, Traiano avisou aos parlamentares que vai bancar a proposta e colocar para votação antes do recesso. O período é considerado estratégico porque depois disso a Assembleia encerra as atividades do ano e o noticiário sobre o assunto acaba perdendo a força.
Para alguns, essa proposta, apresentada agora, pode ser uma espécie de moeda de troca para fortalecer Traiano, num momento em que alguns deputados começam a exigir sua renúncia ou pelo menos um afastamento em função do acordo em que ele admitiu ter recebido propina. Os deputados receberiam mais essa benesse e em troca teriam uma dívida de gratidão com o presidente.
Sobre o/a autor/a
Uma matéria muito bem escrita e entendível pelos leitores, porém constrangedora, não só para o público, mas especialmente para a maioria dos demais 53 deputados estaduais (alguns parecem não estar nem aí), que seriam os beneficiários do alcance do projeto, capitaneado por alguém que, se não for pela vontade própria, que seja dos próprios demais deputados, mas que seja minimamente afastado do cargo, enquanto perdurar o imbróglio do ato de corrupção praticado ou por decisão de cassação de mandato, provocada por um ou conjuntamente por vários parlamentares, a ser referendada no âmbito da Comissão de Ética e posteriormente do Plenário da Casa.