Dartora e Deltan viraram os grandes ganhadores para a eleição de Curitiba, diz Cattani

Marqueteiro que elegeu Greca e Moro diz que Eduardo Pimentel terá "dor de cabeça" na sucessão

Marcelo Cattani trabalha há 30 anos em campanhas eleitorais. Nos últimos anos, se transformou em um dos marqueteiros mais cobiçados do Paraná. Depois de sair do governo Beto Richa (PSDB), fez a campanha de Rafael Greca (PSD) e agora ajudou a eleger o ex-juiz Sergio Moro (União) para o Senado e trabalhou com o deputado estadual mais votado do Paraná, Alexandre Curi (PSD).

O Plural conversou com ele sobre os resultados de 2022. Segundo Cattani, o estado está numa fase de transição, com uma geração se aposentando e outra que ainda não se firmou. Além de colocar o próprio Moro como figura central na política paranaense, Cattani arrisca palpites para a próxima eleição municipal.

Leia abaixo a entrevista completa.

O que a reeleição tão fácil do Ratinho (PSD) significa? Há uma falta de lideranças estaduais?
Ratinho se reelegeu antes da campanha começar. Sua estratégia de aniquilar candidaturas e forçar o casamento Requião e PT deu certo. As lideranças emergentes foram asfixiadas pela máquina. A expectativa dos estrategistas do governo era alcançar uma vitória heroica como a do ex-governador Eduardo Campos que obteve mais de 80% dos votos válidos. Quase deu certo. Requião não foi nem de perto o “temido Requião”. E a campanha foi suave. Até mesmo em termos de desconstrução. Veja só: o tema pedágio passou em branco na eleição e agora a bomba do TCU caiu no colo do governo. O pedágio pode voltar mais caro.

Eleições fáceis não existem. Mas estamos numa transição de “marcas” . Estão saindo de linha marcas fortes como Requião, Dias, Fruet, Richa. A marca Greca é a última em “operação”. Ao mesmo tempo em que é a mais forte, é a “velha política”.

Está difícil achar novas lideranças estaduais com coragem e disposição de enfrentamento. As condições do jogo (fundo eleitoral e tempo de TV) bem como as alianças/coligações/federações são barreira pra muitos que sonham. Aos novos pretendentes, um único caminho: trabalhar dobrado, aceitar que sete partidos mandam no jogo e ampliar a voz nos ambientes digitais.

O pessoal do Ratinho diz que a reeleição o colocou no caminho de uma disputa nacional. O que você pensa disso?
Eleição presidencial é destino. Depende de uma série de fatores que Ratinho Jr não controla. Nenhum governador conseguiu atingir esse objetivo desde 1989. Em 2018 Alvaro Dias foi candidato e pagou mico, virou chacota no debate da Globo e perdeu pro Cabo Daciolo.

Ratinho Jr teve quase oposição negativa no primeiro mandato. Ao se colocar no jogo nacional, terá outro nível de oposição. Mas a força do seu pai, o apresentador Ratinho, e o legado das duas gestões podem ser os principais pilares desse projeto. Ampliar a vantagem de Bolsonaro sobre Lula no Paraná, nesse segundo turno, pode ser outra alavanca.

Pensando na eleição municipal de Curitiba, quem foram os grandes vencedores?
Deltan Dallagnol e Carol Dartora. Serão as maiores dores de cabeça de Eduardo Pimentel em 2024. O União Brasil terá candidato, poderá ser Ney Leprevost, Felipe Francischini ou Mateus Laiola. O apoio de Sergio Moro será mais forte que o de Greca. Um está começando e outro terminando a jornada na vida pública. Greca e Ratinho sonham com Pimentel, mas como apoiadores perderam a eleição de 2 de outubro. O recado do eleitor foi duro.

Outros partidos do centro também vão se posicionar. O próprio Paulo Martins teria muita força em 2024. Mas Pimentel é a opção do grupo do governador. O Progressistas também terá candidatura própria, mesmo o Palácio 29 de Março negando essa hipótese. Apostaria em dois nomes Paulo Gomes e Pier Petruziello, que jogou tudo na transferência de votos de Greca e teve votação pequena.

No caso da esquerda, parece haver dois nomes surgindo com mais força, Goura e Dartora. Como conciliar isso?
No campo da esquerda ninguém terá mais condições que Carol Dartora. Goura, Desiree, Fruet, Ducci, Gomyde…. Todos têm direito de se colocar. Mas se a esquerda jogar unida e Lula vencer as eleições, Carol terá muito potencial. Curitiba é uma cidade que já venceu o preconceito.

Goura explodiu como esperança da esquerda em 2020 e foi asfixiado esse ano pelo fenômeno Ana Júlia, jovem Liderança do PT que vai longe também.

O lavajatismo se tornou a maior força do estado? Moro pode ser o próximo governador?
Todo o sistema político paranaense trabalhou contra Sérgio Moro. Todos torceram contra Deltan. Moro teve apoio de gente corajosa que disse não ao Palácio Iguaçu. A resposta a essa pergunta foi o resultado da eleição. Moro e Deltan terão voz forte, se consolidaram com força popular, o que muitos políticos sonham e nunca alcançam. O “lavajatismo” será tema dominante dos próximos anos. O novo presidente (Lula outro Bolsonaro) terá que ser firme no combate à corrupção.

As eleições de 2026 estão longe, mas Moro veio pra ficar e fazer história. Posso garantir que 2024 será um grande aperitivo de 2026, pois os prefeitos dos maiores colégios eleitorais estão de saída. Quem jogar melhor a “olimpíada de 24” será favorito na “copa de 26”.

Esse fenômeno da extrema direita nos Legislativos ainda tem fôlego?
2022 foi o ano de dois lados. Não dá pra qualificar como extrema direita e extrema esquerda. A polarização garantiu votações surpreendentes. Felipe Barros em Curitiba. A consolidação da força de Gleisi Hoffman, o maior nome do PT de todos os tempos no Paraná. Não houve onda forte como em 2018, mas veja o fenômeno do deputado estadual Ricardo Arruda do PL, mesmo com redes sociais bloqueadas teve votação espetacular.

Com 237 mil votos, Alexandre Curi se consolidou em outro patamar. Sozinho ele é maior e mais forte que muitos partidos políticos. Será grande player pelos próximos 12 anos. Outros cinco deputados do PSD surpreenderam: Hussein Bakri, Ademar Traiano, Márcio Nunes, Tiago Amaral e Romanelli.

Acredito que o Brasil continuará dividido mais um tempo. Terceira via não existiu. E quem não se
posicionou ou não tinha legado forte (como Beto Preto e Márcia Huçulak) bailou.

Pra encerrar, um pouco de futurologia: quem ganha no dia 30?
Jair Bolsonaro

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6 comentários em “Dartora e Deltan viraram os grandes ganhadores para a eleição de Curitiba, diz Cattani”

  1. “Espelho espelho meu,
    Existe algum marqueteiro mais competente do que eu?”

    Sim.
    O povo.

    Vem com Renato Freitas!
    É gente de verdade!
    Com ele o papo é reto
    Com ele não tem falsidade!

    Vem da periferia
    Cria da comunidade

    Prefeito Renato Freitas nos corações do povo Curitibano!

  2. rapaz, mas esse marqueteiro é tão bom que teve preguiça de passar da letra “D”?!
    desce o dedo lá no R menino, tem um homem chamado Renato Freitas, que o Brasil inteiro conhece mas que esse marqueteiro finge que nunca ouviu falar.
    surdez causada pela direita ou surdez causada pelas correntes de dentro PT?
    tem problema não, porque pobre é maioria e pobre quer Renato Freitas, da periferia pra prefeituria! Prefeito Renato Freitas. De radinho na mão e amor pra nossa cidade no coração!

  3. Esse marqueteiro que sequer menciona o nome de Renato Freitas?! kkkk marqueteiro ruinzinho. A própria população já tá se referindo a Renato como Prefeito Renato Freitas.
    Lembrando que quem vota, é o povo. E o povo quer Prefeito Renato Freitas.

  4. Ele faz algumas boas análises, mas derrapa quando fala defendendo seus clientes porque aí se torna superficial. Moro é uma figura controversa, atrapalhada e prepotente. Vai terque aprender muito para ter vida longa na política, quanto mais para voar mais alto.

  5. Mario Celso Saravá

    Galindo, avalie. Marqueteiro não elege ninguém . Quando muito é uma babá do candidato . Ou o candidato é bom e conseguirá se eleger . Ou é ruim e nao tem marqueteiro que conseguirá sua eleição

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