Conselho Municipal de Saúde critica, mas não age contra membro racista

Anoema Lopes Santana disse que negros devem ser serviçais dos brancos. Depois afirmou que declaração era uma “brincadeira”

Nesta quarta-feira (14) ocorreu reunião do Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, a primeira após o caso de injúria racial envolvendo uma conselheira, que fez falas racistas direcionadas a um segurança da Câmara. O assunto mereceu dez minutos de atenção durante o encontro e nenhuma decisão em relação a conselheira, apesar do Regimento Interno do Conselho em seu artigo 17 determinar que é vedado ao membro “atentar contra a ética, a moral e o decoro”.

Anoema Lopes Santana, de 69 anos, é conselheira voluntária da regional do Pinheirinho e membro da Comissão de Saúde Mental e foi até a Câmara para acompanhar uma audiência pública sobre os hospitais filantrópicos de Curitiba. O Conselho é o órgão de participação popular que acompanha as ações e verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba.

Na ocasião ela disse ao segurança Marcelo Melo, 47, que negros deveriam ser “serviçais” de brancos. A idosa, que é branca, também afirmou que não toma café para “não ficar preta” e que pessoas negras quando não fazem “cagad* na entrada fazem na saída”.

As falas extremamente racistas foram presenciadas pela vítima e por outras funcionárias da Casa. A situação virou caso de polícia e repercutiu nacionalmente.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Adilson Tremura, disse ao Plural antes da reunião que o assunto iria ser pautado no encontro e que, possivelmente seria encaminhado para análise à Comissão de Ética.

A secretária municipal de saúde, Beatriz Battistella Nadas repudiou o comportamento da conselheira, mas fez questão de reforçar que ela estava afastada, a pedido, à época dos fatos. Anoema, que não estava na reunião, integra o Conselho como representante do segmento de usuários do SUS.

Depois disso foi sugerida a criação de um código de conduta e ética para os conselheiros de saúde curitibanos. A sugestão deve ser discutida futuramente já que não se falou sequer o nome da acusada do crime de injúria racial ao longo do pouco tempo em que o assunto foi mencionado durante a reunião.

Ainda segundo o Conselho, Anoema não estava representando a entidade no dia audiência pública – embora tenha se identificado como tal – e não pode falar em nome da organização.

Crime

O caso, ocorrido em 8 de dezembro, foi enquadrado pela Polícia Civil (PC) como injúria racial, que é um dolo mais leve que o crime de racismo. No entendimento da PC as ofensas não foram direcionadas ao grupo étnico de pessoas negras, mas diretamente ao segurança.

Com isso, a autora foi ouvida e liberada para responder ao processo em liberdade.

Em Curitiba, de janeiro a outubro deste ano, houve 44 registros de crime de racismo e 244 de injúria racial, de acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima