A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Paraná precisa decidir nos próximos dias o destino da representação feita pelo deputado Renato Freitas (PT) contra o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD). O pedido é para que o caso seja enviado ao Conselho de Ética e Traiano seja processado por quebra de decoro parlamentar. Mas em tese a direção da Assembleia tem poder para arquivar o caso sem fazer isso.
O Plural apurou que depois do carnaval os integrantes da Mesa Diretora vão se reunir para tratar do assunto. É uma saia-justa, uma vez que o próprio Traiano, como presidente, é quem teria mais autoridade para arquivar o próprio processo. Por outro lado, isso só deixaria mais claro que ele tem medo do resultado do Conselho de Ética.
Traiano confessou ao Ministério Público ter cobrado e recebido R$ 100 mil em propina da TV Icaraí em 2015, no momento da renovação do contrato da emissora com a TV Assembleia. O primeiro-secretário da Assembleia à época, Plauto Miró (União) recebeu o mesmo valor. Os dois assinaram um acordo de não persecução penal para trocar o processo criminal, que poderia resultar em cadeia, pela devolução do dinheiro com multa e juros. Cada um pagou R$ 371 mil.
No Conselho de Ética, a ordem é esperar que o processo contra Traiano chegue antes de abrir qualquer outro procedimento de quebra de decoro. Há cinco deles na fila, incluindo dois contra Renato Freitas, que denunciou Traiano. A análise é de que se o processo contra Renato for aberto enquanto o de Traiano está parado poderia haver a impressão de privilégio para o presidente da Assembleia.
São fatos como esse que enojam o sentimento da população em relação à classe política. Réu confesso, deveria, antes de tudo, ser afastado da Mesa Diretora, para que a mesma, ao menos, possa dar trâmite ao processo. Caso contrário, o dito cujo, ainda presidente, não se incriminaria, mais uma vez, a si próprio. Cabe aos demais integrantes da Mesa e a todos os demais parlamentares, terem vergonha na cara e, de imediato, que optem pela condenação do réu confesso e que o façam sair, pela porta da frente da Assembléia, sem antes anunciarem na mídia, para que a população compareça para saudá-lo da forma que julgar adequada.