Beto Richa cogita candidatura a prefeito de Curitiba mas ainda responde casos de corrupção

Ex-governador tem dois processos decorrentes da Lava Jato e duas outras ações em tramitação

Em entrevista à rádio BandNews nesta semana, o deputado federal Beto Richa (PSDB) relevou que cogita concorrer à Prefeitura de Curitiba, cargo que já ocupou entre 2005 e 2010 antes de ser eleito governador do Paraná por duas vezes. “Estou na expectativa de ficar livre de todas estas maldosas acusações levianas que fizeram contra mim e contra minha família. Isso é importante para disputar a eleição”, afirmou Richa na entrevista. Richa responde ainda a quatro processos sobre corrupção que tramitam na Justiça, sendo dois deles decorrentes dos desdobramentos da operação Lava Jato.

Rádio Patrulha

Em setembro de 2018, Richa foi preso pela primeira vez por ordem do Ministério Público do Paraná, que investigava um esquema de corrupção nas licitações do programa Patrulha do Campo, criado pelo governo estadual para valorizar as estradas rurais no Paraná. De acordo com as investigações, um grupo de empresários ofereceu subornos a vários políticos com o objetivo de ganhar estas licitações. Richa, segundo as investigações, teria sido “o principal destinatário final das vantagens indevidas prometidas pelos empresários”, que teriam repassado ao grupo do então governador o 8% do valor dos contratos. Em 2020, este processo foi enviado à Justiça Eleitoral e atualmente está parado enquanto se aguarda a nomeação de um novo promotor, dado que o anterior foi suspenso pela defesa por “evidente inimizade” contra Richa. O ex-governador afirma que a base deste processo é uma delação sem qualquer prova que possa confirmar as alegações.

Lava Jato

Em janeiro de 2019, Richa foi preso novamente após a 53ª fase da Operação Lava Jato, que revelou a suposta relação entre o governo de Richa e as concessionárias de rodovias no Paraná. De acordo com a hipótese dos procuradores da força-tarefa do MPF, o ex-governador teria sido o principal beneficiário desse sistema de corrupção. Em troca, Richa teria tomado medidas para modificar os termos dos contratos assinados por essas concessionárias graças a ajuda do então diretor do DER, Nelson Leal Junior, e nesta maneira as empresas teriam poupando vários bilhões de reais. Ao mesmo tempo, algumas concessionárias teriam feito com que os usuários das rodovias pagassem o custo da corrupção, aumentando as tarifas dos pedágios. Em 2021, o STF enviou este caso à Justiça Eleitoral, que ainda não se manifestou.

Nos desdobramentos da Lava Jato, a força-tarefa acusou Richa de ter recebido R$ 7,5 milhões da Odebrecht em troca da adjudicação da obra de duplicação da PR-323, que liga os municípios de Maringá e Francisco Alves. Neste caso, R$ 3,5 milhões teriam sido pago pelo Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira baiana, que em suas planilhas usaria o codinome ‘Piloto’ para identificar Beto Richa. Além disso, parte dessa propina teria sido paga através da venda subfaturada de um barração na CIC de Curitiba para uma empresa da família do ex-governador. Também nesse caso, a Justiça Eleitoral ainda não proferiu sentença. Por outro lado, a decisão do ministro do STF Dias Toffoli de anular as provas relativas o acordo de leniência estipulado com a Odebrecht poderia favorecer a defesa de Richa neste processo. Para sustentar a acusação, os procuradores citaram o depoimento de dois ex-executivos da empreiteira que optaram de colaborar justamente por conta do acordo que Odebrecht fechou com o MPF.

Quadro Negro

Na Justiça Eleitoral, o atual deputado tucano responde também pela operação Quadro Negro, uma investigação que apurou um desvio de R$ 20 milhões da construção e reformas de escolas publicas no Paraná durante o governo de Richa. De acordo com a denúncia apresentada pelo MP, o então governador do Estado teria sido “chefe de uma organização criminosa” que recebia propina pagas pelas empresas que ganhavam contratos com a Secretaria de Saúde para a construção de escolas. Esta acusação é baseada nas delações tanto dos empresários que corromperam os políticos envolvidos quanto do ex-secretário de educação, Mauricio Fanini. O Plural teve aceso ao andamento do processo e verificou que foi suspenso em julho deste ano por um período de 180 dias. A defesa de Richa nega qualquer irregularidade cometida pelo então governador do Paraná e alega uma persecução política por parte dos procuradores.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima