Alvaro Dias ‘perdoa’ Moro no União Brasil em evento de Dallagnol

Deltan Dallagnol faz lançamento de campanha com direito a oração e PowerPoint

“Isso é coisa do passado”, comentou o senador Alvaro Dias (Podemos) sobre a ida de Sergio Moro para o União Brasil durante o evento desta quarta-feira (24) de apresentação da campanha à deputado federal de Deltan Dallagnol (Podemos). Alvaro diz não sentir rancor contra o ex-juiz da Lava Jato por ser filiado ao União Brasil após ter sido pré-candidato à Presidência da República por Podemos por vários meses. Agora Sergio Moro concorre com o líder do Podemos pela mesma vaga ao Senado pelo Paraná.

“Respeito todos meus concorrentes. Não distingo um dos outros. Não pretendo desqualificar nenhum deles para conquistar a vitória”, continuou Dias.

De acordo com a ultima pesquisa do Ipec, encomendada pela RPC, Alvaro teria onze pontos à frente de Sergio Moro nas intenções de voto. O senador do Podemos preferiu não comentar este resultado afirmando que “só sinaliza um momento e nos temos que receber os resultados sempre com humildade e continuar trabalhando, aguardando a grande pesquisa que é a das urnas”.

A última pesquisa atesta a preferência dos eleitores paranaenses pelo senador do Podemos, embora suas principais propostas sejam muito semelhantes às do ex-juiz da Lava Jato. Os dois concordam em ideias como o fim do foro privilegiado e a prisão em segunda instância. Aliás, o próprio Sergio Moro deveria ter participado do evento do Podemos, mas estando em Foz do Iguaçu por cumprir a agenda eleitoral, ele publicou no Twitter um vídeo de apoio à candidatura do ex-coordenador da força tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol.

Em relação aos candidatos do Podemos que tiveram problemas na justiça no passado, Alvaro Dias afirmou “que não conhece nenhum”. De acordo com os documentos apresentados ao TSE, há pelo menos dois candidatos ao Podemos no Paraná que têm a certidão positiva e um que foi solto por falta de provas em um suposto caso de contratação de funcionários fantasmas.

Deltan

Ao contrário de Alvaro Dias, Deltan Dallagnol não quis falar com à imprensa, preferindo fazer um breve discurso aos militantes do Podemos. “Depois da Lava Jato não podemos mais dizer que não sabemos o que é corrupção”, disse o ex-procurador da força-tarefa para lançar sua campanha eleitoral, que tem como slogan ‘levar a Lava Jato ao Congresso’. “Não deve ser um só projeto meu, mas de todos nós”, disse Dallagnol no seu pronunciamento.

O ex-procurador da força-tarefa de Curitiba disse que o teria convencido a deixar o Ministério Público teria sido um convite de Alvaro Dias, mas segundo ele o que o teria levado a se dedicar à política teria sido a parábola dos talentos de Jesus. “Temos que ser responsáveis ​​pelos talentos que temos, então por conta disso temos que correr riscos”, afirmou.

Foto: Mattia Fossati

As referências à religião continuaram ao longo de todo o evento. Em seu discurso, Dallagnol citou Martin Luther King, William Wilberforce e Jesus como personagens que o inspiraram na decisão de continuar a luta contra a corrupção no Congresso. Além disso, pouco antes do início do evento, foi realizada uma oração coletiva por um pastor seguida do ‘Pai Nosso’.

Este fato faz lembrar o uso de símbolos religiosos na campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), que está tentando consolidar seu voto entre os evangélicos. Esta escolha poderia ser uma estratégia do Podemos para receber o apoio do eleitorado mais conservador e que está mais perto das pautas bolsonaristas.

Por outro lado, nos últimos dias, o próprio Deltan Dallagnol havia escrito um post nas suas redes sociais para defender a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que havia sido criticada pela maior parte da imprensa por ter feito repetidas referências religiosas durante a campanha eleitoral. No entanto, a preferência por Bolsonaro, em um possível segundo turno com Lula, já havia sido manifestada pelo ex-procurador da Lava Jato nos últimos dias. O mesmo fez Sergio Moro, que em um vídeo, divulgado na última semana, afirmou que “em relação à Bolsonaro uma coisa eu posso dizer: nós temos o mesmo adversário”.

Para encerrar o evento, Dallagnol compartilhou na tela um PowerPoint semelhante ao que havia usado para expor a denúncia contra Lula e pelo qual foi condenado a indenizar o atual candidato do PT em 75 mil reais. Neste novo slide, cada círculo contém as diferentes propostas do Podemos e no centro não está mais Lula, mas Deltan Dallagnol.

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