A caminho da privatização, Copel dispara gastos com publicidade

Em 2022, despesas com publicidade da Copel ultrapassaram R$ 21 milhões, mais que o dobro do registrado em 2019

Às vésperas de ser privatizada, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) acelerou gastos com publicidade e propaganda. Nos últimos quatro anos, o valor usado para ações vinculadas à marca da estatal – a maior empresa do Paraná – mais do que dobrou, mostram números da administração estadual.

Em 2019, primeiro ano do governo de Ratinho Jr. (PSD), a companhia aportou R$ 10,9 milhões em serviços de publicidade. O gasto saltou para R$ 21,6 milhões no ano passado, quando o Palácio Iguaçu anunciou a privatização da estatal. Aplicado o reajuste inflacionário medido pelo IPCA no período, a cifra inicial não passaria dos R$ 13,5 milhões.  

*Gastos da Copel com publicidade, em milhões, entre 2019 e 2022. Fonte: Governo do Paraná

Rádio

Os montantes foram obtidos a partir da soma das despesas publicadas pelo governo do Paraná e representam um recorde se levado em conta o fim dos gastos com campanhas da Copel Telecom. A subsidiaria de telecomunicações da empresa foi vendida em novembro de 2020.

Em 2021, no entanto, a companhia registrou o primeiro grande salto da nova gestão com aportes em propaganda, passando de R$ 10,07 milhões para R$ 16,6 milhões.

Rádio, TV e produção eletrônica continuam a concentrar as maiores fatias das despesas, com um aumento considerável de custos em peças para ouvintes. No período, a Copel incrementou de R$ 2,99 milhões para R$ 11,79 milhões os gastos em rádio, que, no ano passado, concentrou mais de 54% das verbas de publicidade da empresa.  

Em 2023, as despesas da companhia com os serviços já chegam a R$ 3,62 milhões, das quais R$ 2,66 milhões foram liquidadas em maio. Os dados de junho ainda não estão disponíveis.

*Gastos da Copel com publicidade por tipo de serviço entre janeiro e dezembro de 2022. Fonte: Governo do Paraná

Em esclarecimento sobre o aumento de despesas, a empresa enfatizou os gastos com rádios – em crescimento exponencial. Segundo a Copel, as verbas para o serviço com as emissoras referem-se a um convênio mantido com 300 emissoras de rádio do Paraná, por meio do qual cumpre com obrigações regulatórias exigidas pela Agência Nacional do Energia Elétrica (Aneel), como para promoção do uso seguro de energia e dicas de economia, além de usar o canal para “divulgação dos avisos obrigatórios de desligamentos programados, que ultrapassam 26 mil por ano”.

A estatal também disse que as campanhas, “realizadas de maneira esporádica ao longo de cada exercício orçamentário, são um instrumento de prestação de contas sobre investimentos realizados e serviços disponíveis aos clientes. “Os recursos empregados pela Copel em publicidade institucional e legal são do próprio caixa da empresa”, afirmou.

Privatização

Na reta final da transição do modelo público para o privado, a companhia lançou uma campanha com o lema “o compromisso da Copel é com os paranaenses”. Ratinho Jr. anunciou a privatização da Copel em novembro do ano passado, logo após ser reeleito governador do Paraná. O feito não encontrou resistência e seguiu em ritmo firme desde que foi autorizado pela Assembleia Legislativa (Alep), ainda na reta final de 2022.

Nesta terça (25), a empresa de energia paranaense deu um de seus passos mais importantes na mudança e comunicou o lançamento da oferta pública de ações para esta quarta-feira (26). A etapa ainda não significa venda, mas está diretamente vinculado ao processo de privatização por já ser uma relação com possíveis compradores, que terão um tempo para analisar as condições da oferta.

Conforme mostrou o Plural, a privatização da Copel já custou pelo menos R$ 4 bilhões – equivalente ao máximo que o Paraná espera arrecadar com a venda de suas ações. O valor equivale à soma dos contratos de serviços relacionados ao trâmite publicados pela companhia no Portal da Transparência e inclui, ainda, a reserva de 300 milhões para o Programa de Demissão Voluntária (PDV) aprovado em acordo com os servidores e os R$ 3,7 bilhões pagos para renovar antecipadamente a outorga de suas principais usinas em decisão justificada pela própria mudança no modelo da companhia.

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