“Renfield” é uma crítica insanamente divertida ao mundo do trabalho

Comédia de terror tem Nicolas Cage no papel de Drácula, mas fala sobre como o servo do vampiro tenta retomar o controle da própria vida

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Você pode ver “Renfield” como a comédia de terror que ele é. Um filme divertido sobre as agruras de Robert Montague Renfield, o servo do conde Drácula. A existência do pobre coitado não é fácil: ele precisa arranjar vítimas para o mestre, que está convalescendo depois de quase ter sido morto por um grupo de caçadores de vampiros. 

Mas você também pode encarar “Renfield” como uma crítica insanamente bem-humorada ao mundo do trabalho. Em especial, à parte desse mundo ocupada por chefes nocivos que querem nada menos do que o sangue de seus funcionários (metaforicamente, claro). Com isso em mente, arrisco dizer que o filme fica melhor, a começar pelo subtítulo em português: “Dando o sangue pelo chefe”. 

Cansado de ser explorado, Renfield (Nicholas Hoult) procura ajuda em um grupo de apoio para pessoas que sofrem com relações abusivas e que não conseguem agir contra os abusadores – o termo técnico para isso é codependência. 

Renfield

Renfield é um codependente de Drácula, mas às vezes parece que ele é um funcionário sobrecarregado de uma startup qualquer: sempre pressionado para “entregar” resultados melhores. Ele embarcou numa “empresa” que tinha promessas incríveis (poderes sobre-humanos, vida eterna etc.), mas acabou sendo consumido pelo trabalho e entendeu que a barganha não valeu a pena. Agora, o filme é sobre como Renfield tenta retomar as rédeas da sua vida e expressar as suas vontades. 

Do outro lado, Drácula se sente traído por essa mudança súbita de Renfield. Ainda mais depois de tudo que ele fez pelo servo, certo? Então Drácula também embarca nos discursos de autoajuda a fim de reafirmar suas vontades sobre as de Renfield.

“Por que eu também não posso ser o que eu realmente sou?”, questiona Drácula. E aqui você precisa ter em mente que o conde é interpretado por Nicholas Cage com uma dentadura reptiliana e que ele parece se divertir tanto quanto ou até mais do que a gente. 

Perplexo, Renfield pergunta o que seria essa coisa que ele realmente é. “Um deus, Renfield!”, Drácula diz, meio ofendido. “Um ser todo-poderoso, imortal e – uou! – insaciável.” Esse uou soa como o gritinho agudo de alguém muito satisfeito consigo mesmo e é um exemplo da capacidade incrível que Nicolas Cage tem de não se levar a sério. O que é muito legal.

Onde assistir

“Renfield – Dando o sangue pelo chefe” está em cartaz nos cinemas. Como se trata de uma comédia de terror (o gênero que alguém espirituoso batizou de “terrir”), o filme não tem pudor de mostrar sangue em abundância, cabeças decepadas e pelo menos uma pessoa destripada.

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