Poemas de Martina Sohn Fischer descobrem modos de existir e morrer

Escritora lança "O que estive fazendo quando nada fiz" na Alfaiataria, durante o evento "Implode" neste sábado (16)

Seis anos atrás, Martina Sohn Fischer viu sua vida ser atravessada por “muita morte e muita vida”. A partir desses acontecimentos, ela começou a ver que o viver e o morrer estão em todas as coisas. E escreveu sobre isso. O resultado são os poemas do livro “O que estive fazendo quando nada fiz”, que a escritora lança neste sábado (16), a partir das 15h, no “Implode”. O evento vai reunir dez escritores em um lançamento coletivo de livros na Alfaiataria (Rua Riachuelo, 274 – Centro).

Martina Sohn Fischer

“Escrevo como uma forma de reinventar a vida”, diz Fischer, em entrevista ao Plural. Embora seja algo que ela faça desde os 12 anos, foi no processo de criação do livro “O que estive fazendo quando nada fiz” que ela se reconheceu como escritora – e como poeta. “Foi uma grande questão”, diz.

Quais você diria que são os temas do livro “O que estive fazendo quando nada fiz”?
Os temas que se entrelaçam entre poemas, pausas, silêncios, são: Tempo, amor, morte, melancolia, depressão, um olhar que paira sobre a existência contínua, violenta, crua e terrivelmente bela. Assim como pequenas e valiosas descobertas de modos de existir e morrer.

Que escritoras e escritores serviram de referência para você nesse livro?
Clarice Lispector, William Faulkner, Virginia Woolf, Hilda Hilst.

Você poderia falar um pouco sobre as circunstâncias em que escreveu os poemas de “O que estive fazendo quando nada fiz”?
Comecei a criar os poemas já sabendo que haveria um livro, o nome do primeiro poema é o que nomeou o livro. A escritura dos poemas teve início em 2017, que foi um ano em que muita morte e muita vida me atravessou, mas hoje vejo que foi nesse ano que finalmente eu larguei uma parte ideal da vida pra que eu pudesse ver e sentir esse movimento de viver e morrer brotar das coisas, do meu corpo, de como eu falo, dos cabelos, das mãos, das coisas que amo e odeio. Fazendo luto de uma relação e celebrando o início de outra. E foi também quando entendi que eu escrevia poemas, eu chamava de textos, pequenos ensaios, o que eu acho interessante também, mas me nomear escritora e depois poeta foi uma grande questão. Desde os 12 anos eu escrevo como uma forma de reinventar a vida, escrevo dramaturgia também e a escrita vem de um lugar como se eu pudesse o tempo todo narrar as coisas ou pra que elas desapareçam ou pra que elas existam. A escrita sempre foi minha companhia mais exigente e presente. Acho que fugi um pouco da resposta, mas achei pertinente falar do valor que a escrita tem na minha existência, que é de salvar minha vida incontáveis vezes. E esse livro também representa o fim de uma de minhas análises, o livro existindo no mundo como um produto que se transforma a cada olhar singular de quem o lê e habita. É finalmente um ato de perder o controle, de deixar ir, deixar existir para além de mim e tem sido um alívio.

Livro

“O que estive fazendo quando nada fiz”, de Martina Sohn Fischer. Urutau, 108 páginas, R$ 50. Poesia.

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