Mercuria cria livro-desejo com “Tudo que fiz fiz com esse corpo”

Com poemas que tentam olhar para a dor como um sinal de vida, autora participa do lançamento coletivo Implode

Para Mercuria, a experiência de escrever os poemas de “Tudo que fiz fiz com esse corpo” foi de muita dor, num primeiro momento. Depois, foi sobre o que fazer com essa dor. A escritora procurou olhar para a dor como um sinal de que ainda está viva. O livro é sobre isso. “É sobre o que fiz com meu corpo depois do que fizeram com ele”, diz Mercuria.

A autora participa do lançamento coletivo Implode, neste sábado (16), na Alfaiataria (Rua Riachuelo, 274 – Centro). No evento, além de Mercuria, outros nove escritores autografam seus livros e conversam com o público.

Mercuria

Na entrevista a seguir, Mercuria fala sobre a criação de novas narrativas – e de novos desejos.

Quais você diria que são os temas do livro “Tudo que fiz fiz com esse corpo”? 
“Tudo que fiz fiz com esse corpo” é um livro sobre a feitura de um novo corpo, depois dele ser destroçado, renomeado e (trans)figurado. É sobre o que fiz com meu corpo depois do que fizeram com ele. E de alguma forma sobre ver os processos de vida-morte-vida, entre a leveza e a densidade, entre o sensível e o visceral da experiência. É também um livro-desejo, que emerge de um corpo que historicamente teve o desejo subalternizado, e por isso engaja nas criações de novas narrativas a partir desse corpo dissidente. 

Que escritoras e escritores serviram de referência para você nesse livro?
Minhas escritoras de referência são sempre minhas companheiras do Coletivo Membrana Literária. Além delas, sempre sou fortemente influenciada por Hilda Hilst, Sylvia Plath, Sarah Kane, Virginia Woolf, entre muitas outras. 

Você poderia falar um pouco sobre as circunstâncias em que escreveu os poemas de “Tudo que fiz fiz com esse corpo”?
As circunstâncias de escrita, em sua maioria, foram de muita dor. E aí sobre o que fazer com essa dor. Foi muito sobre tentar olhar pra essa dor como um sinal de que ainda estou viva, e sinto porque tenho um corpo. Tentar transformar os traumas coletivos e individuais em resistência, transformar “dos estilhaços da quebra, a dissidência”, como diz o poema “Nós”.

Livro

“Tudo que fiz fiz com esse corpo”, de Mercuria. Kotter, 96 páginas, R$ 39,70. Poesia.

Sobre o/a autor/a

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