Mauri König discute dores e delícias da humanidade em livro de contos

Contos do jornalista são intensos e ácidos

Escrever ficção é difícil para todo mundo. Para quem é jornalista – escrevo com lugar de fala – é penoso. O mesmo pensa Mauri König, que lançou no último mês o livro “Ensaio sobre quem somos”, pela Kotter Editorial.

König é um dos jornalistas mais premiados do Brasil e possivelmente o mais importante do Paraná. Mas uma coisa é escrever sobre fatos, sobre a realidade; outra bem diferente é criar ficção.

Em “Ensaio”, König se aventurou pela ficção para sair da realidade. São 17 contos, alguns mais ácidos que os outros, mas todos igualmente prazerosos de ler.

Nada nunca acontece

O conto que dá título ao livro tem como protagonista um personagem chamado Victus. O texto fala de paixões e frustrações humanas. Victus tem uma vida comum, como a minha e a sua, onde nada nunca acontece.

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Em outro texto, “A sociedade dos personagens mortos” – meu preferido no livro – o debate é sobre a própria literatura. Um personagem que aparece em outro conto, mas morre ao longo da história, retorna e acusa o escritor de assassinato. O diálogo é intenso e provocador.

Cotidiano

Embora ficcional, “Ensaio” conecta o leitor aos personagens por tratar também do corriqueiro. O primeiro emprego de um jovem, o primeiro amor, o presente nunca recebido no Natal.

Para além da simplicidade, no entanto, o livro também é recheado de citações e referências de grandes pensadores – de Sófocles a Freud.

A habilidade do jornalista em casar fantasia, teoria e trivialidades provoca no leitor a sensação gostosa de tentar descobrir o que é ficção e o que remete às vivências de um repórter.

Livro

“Ensaio sobre quem somos”, de Mauri König. Kotter Editoral, 172 páginas, R$ 54,70.

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