A grande novidade de “Jurassic World Domínio” é ampliar a mensagem apresentada desde “Parque dos Dinossauros” que chegou às telas em 1993. Nos três primeiros filmes “Jurassic Park” e nos dois sucessores, os “Jurassic World”, a temática tem sempre o mesmo fio condutor. O que se vê na tela, trocando em miúdos, já estava na frase do dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.) que foi resgatada por Thomas Hobbes (1588-1679): “O homem é o lobo do homem”.
Como? É simples entender para quem já assistiu ao menos um dos seis filmes. Nos roteiros, a engenharia genética é colocada para trabalhar pela ganância e tudo, ou quase tudo, termina mal. O homem recria os dinossauros, abala o equilíbrio entre as espécies ao desrespeitar a natureza, e ‘bam’: os dinossauros colocam a vida humana em risco. Mas “Domínio” vai além para tentar se renovar. Até consegue, mas sem impressionar.
Reino ameaçado
Uma pista do que seria este próximo capítulo foi dada no filme anterior, “Jurassic World Reino Ameaçado”, quando a clonagem de DNA possibilitou mais do que o nascimento de dinossauros e uma personagem humana havia sido clonada. Agora, o lançamento do longa-metragem que encerra a série traz para o primeiro plano a crueldade dos homens até com seus iguais, ao caçarem uma simples menina. Ok, não estamos falando de uma garota qualquer, ela é um clone.
Claro que a embalagem desse tema em “Jurassic World Domínio”, dirigido por Colin Trevorrow, é mais legal do que qualquer citação em latim, como a que inspirou Hobbes. A computação gráfica – com efeitos especiais que deixaram os espectadores boquiabertos nos anos 90 – continua como um dos pontos fortes. Em alguns momentos até faz esquecer que é tudo de mentirinha.
Indiana Jones
As feras surgem em cidades exóticas (parecidas com as locações de Indiana Jones), as cenas de perseguição ganharam adrenalina. Os fãs são brindados por enquadramentos e elementos colocados ali para valorizar quem é capaz de decifrar as referências aos filmes anteriores (por exemplo, aos dois primeiros dirigido por Steven Spielberg, que depois passou a produtor da franquia).
Não é só isso. O roteiro assinado por Trevorrow e Emily Carmichael, traz outras questões pertinentes ao momento. A crítica à agricultura industrializada para alcançar alta lucratividade é uma delas, algo tão perigoso para espécie humana quanto ‘brincar de Deus’ ao recriar dinossauros. Isso fica ainda mais claro quando a personagem Dra. Ellie Sattler reproduz uma frase atribuída a diferentes autores (até a Lenin), com leves ajustes para caber no enredo: “We are three meals away from anarchy.” (Nós estamos a três refeições da anarquia.)
Parque dos Dinossauros
E por falar em personagem, o clima de despedida da saga fica completo no encontro entre o presente e o passado. O trio principal que estava na tela em 93 – formado pela Dra. Sattler (Laura Dern), com o Dr. Alan Grant (Sam Neill) mais o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) – dá o último adeus para o mundo dos dinossauros na companhia dos protagonistas de “Domínio”, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e Owen Grady (Chris Pratt). Apesar do esforço, o grupo não é coeso. O talento do trio original, mesmo quase trinta anos depois, faz uma diferença e tanto.
Onde assistir
“Jurassic World Domínio” estreia nos cinemas nesta quinta-feira (2).
Legal, obrigado pela resenha do filme. Vou ver assim que possivel.