A banda Jovem Dionísio, de Curitiba, é um pequeno fenômeno. Vamos aos números: são 11 mil inscritos no canal do YouTube; 70,4 mil seguidores no Instagram; 1,5 milhão de reproduções mensais no Spotify.
“Os menino hidratado” fazem um som “delicinha”, de acordo com a “Rolling Stone”, para ouvir no repeat e refletir acerca das angústias e deleites dos amores (românticos) da vida.
Ber Pasquali (vocal), Rafael Duna (guitarra), Gabriel Mendes (bateria), Bernardo Hey (teclados) e Gustavo Karam (vocal e baixo) são amigos de longa data e se apresentavam em churrascos universitários na capital paranaense. Além disso, frequentavam a Lanchonete Aquarius, de onde veio o curioso nome da banda.
O estabelecimento fica na avenida João Gualberto e pertence ao senhor Dionísio, que é muito caro aos músicos. Quando informado sobre a utilização do seu nome pela banda, respondeu com um sorriso desconfiado e seguiu meio sem entender o motivo.
Combinação
Jovem Dionísio não é pop. Não é rock. Não é indie. É um som descontraído, agradável e despretensioso que transita entre os gêneros. Essa combinação de fatores atrai todas as tribos para ouvir a banda. Prova disso são os mais de 11,5 milhões de visualizações da música “Pontos de Exclamação”, no YouTube.
A transição de “rapazes normais” para a vida artística não teve um ponto-chave. O acaso levou Jovem Dionísio a um público diverso e nem a pandemia da covid-19 foi capaz de impedir a ascensão da banda.
O desejo dos filhos em viver de música nem sempre deixa os pais confortáveis e isso não quer dizer que há falta de apoio, apenas uma preocupação honesta com o futuro financeiro. Com o vocalista Ber Pasquali não foi diferente. Ele percebeu que estava no caminho certo de forma muito curiosa.
“Eu me lembro que estava na sala, aí entrou minha irmã dizendo que a Marina Ruy Barbosa postou um story cantando nossa música. Inclusive eu quero que ela saiba como isso ajudou a gente”, disse Pasquali ao Plural.
Dói o peito
De Marina Ruy Barbosa a Jade Picon, todo mundo ouve Jovem Dionísio porque as composições são praticamente relatos cotidianos. Gabriel Mendes, compositor de “Pontos de Exclamação”, diz:
Dói o peito só de olhar o jeito que tu posa
Saudades, pontos de exclamação
Você está maravilhosa
Foto aprumada
Respeitosa, pede sempre por favor
Mas todo dia implora foda fora dessa linha de amor
Uma busca rápida e surgem comentários sobre a canção na internet: “Eu achei do nada e não consigo parar de ouvir” ou “É bom ver todo mundo sofrendo, me sinto acolhida”, “essa música me lembra uma pessoa que eu ainda nem conheci”.
Diga ao povo (curitibano) que ficamos
A amizade, as composições e a banda nasceram em Curitiba. Mas como é próprio dessa indústria, São Paulo e Rio de Janeiro acabam sendo os destinos de artistas que começam a ganhar destaque.
Mas não com o Jovem Dionísio. “A gente ama Curitiba. Não vamos embora, não”, diz Gustavo Karam, empolgado. Todos os integrantes concordam, para a felicidade do fã-clube “Velho Dionísio” (formado pelos pais dos músicos, mas essa é uma outra história).
Para o Jovem Dionísio, assim como a maneira de consumir música mudou com os serviços de streaming, o jeito de os músicos fazerem sua arte também pode mudar, o que não os obriga a deixar Curitiba e, de quebra, permite que “se hidratem” no bar preferido.
“Os menino hidratado”
O slogan da banda é uma brincadeira de muito bom gosto. Pasquali, durante uma apresentação num clima tipicamente curitibano e com uma plateia pequena estimulou o consumo de cerveja: “Se hidratem”.
A partir daí a frase pegou e os fãs de Jovem Dionísio seguem o conselho. Se hidratam de bebida e de boa música.