Foi um show incrível, piá!

O único defeito de um show do Paul é que ele vai embora depois de quase 40 músicas e não nos chama para uma after party na piscina do hotel

Quando você pensa em alguém com 81 anos imagina uma pessoa com dificuldades em subir dois lances de escada sem ficar ofegante, incapacidade de permanecer em pé mais de meia-hora sem sentir metade do corpo formigando e um mau humor crônico resultado de tudo isso aí acima. Bem, esse sou eu com menos de 50 anos. Sir Paul McCartney, octogenário, é um triatleta perto da maioria das pessoas que conheço. Fez um show histórico na noite de quarta-feira (13/12) no Couto Pereira para mais de 40 mil pessoas e mal transpirou. It’s just another day na vida de um dos maiores seres humanos do planeta.

 Ir a um show do Paul é uma experiência transcendental, como levitar, sair do corpo ou tomar Ayahuasca com o próprio Montezuma. Existe o fator histórico (é um Beatle!), o emocional (é um Beatle!) e os hinos (é um Beatle e Wings!) que tornam a coisa única, bem como as pessoas ao seu redor. Velhinhos, crianças, adolescentes, senhores de meia-idade bêbados e possivelmente até recém-nascidos, todos cantando com lágrimas nos olhos “na na nananá” em uníssono. Apenas John Lennon seria capaz de conseguir superar essa catarse hipnótica de felicidade. Por falar em John, ele esteve lá em “Here today” e “I’ve got a feeling”. Meu segundo momento favorito do show, por sinal. No telão, em cima do prédio da Apple, John cantava sua parte com um largo sorriso no rosto. O pai tava realmente on.

Porém o melhor momento, para mim, foi quando naipe de metais da banda veio tocar “Got to get you into my life” no meio público. Precisamente na frente deste cartunista sortudo – não tão sortudo quanto o Bituca, mas ainda assim sortudo. Quando os músicos chegaram todos estávamos meio incrédulos, será que é isso mesmo? É pegadinha? Mas depois que começaram foi de arrepiar. Quando saíram fiquei com vontade de me infiltrar entre eles e subir no palco, nem que fosse para tamborilar os dedos numa caixinha de fósforo.

Eu duvido que alguém tenha reclamado da banda, das músicas ou do vocalista. Talvez alguém tenha se sentido ultrajado pelo preço da cerveja (22 reais a lata magrinha), um vizinho mais xarope ou outro fator externo. O show, no entanto, foi impecável. O único defeito de um show do Paul é que ele vai embora depois de quase 40 músicas e não nos chama para uma after party na piscina do hotel. Nesses últimos tempos é raro ver pessoas saindo felizes do Couto Pereira. Mas a “gurizada”, como ele disse em um curitibanês de lorde,  ficou feliz. Paul, por serviços prestados à felicidade comum do curitibano, merecia ser agraciado com o título de “cidadão honorário”.

No final todos voltam para a casa com “The End” na cabeça e torcendo para, como ele mesmo disse, ser apenas um “até logo”. 

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