A artista paranaense Karina Amadori apresenta neste sábado (27) a exposição individual “Vida Suspensa: da Tensão à Liberdade”, na Galeria SOMA, em Curitiba. Nas obras, que retratam questões autobiográficas, Amadori usa a seda natural do Paraná como aliada para abordar o feminino, mesmo que de forma oculta, gerando narrativas profundas e que levam a reflexão sobre o que tem sido deixado no mundo.
Entre as técnicas da artista, o desenho, a escultura, o vitral, a cerâmica e a escrita se entrelaçam com a seda e valorizam o estado do Paraná ao utilizar apenas matéria-prima regional. Durante um mês, os visitantes vão encontrar seis espaços expositivos com diversas obras instalativas.
Na sala 5, o público encontra 18 desenhos de araucárias impressos em sublimação. Cada peça de voal de seda tem 1m75 de altura. Os tecidos leves permitem que as pessoas transitem pela instalação e interajam com as obras. Os desenhos das araucárias reproduzidas com três tons de grafite, foram feitos a partir de imagens enviadas por amigos e conhecidos para a artista paranaense.
Para Daniela Nogueira, que escreveu os textos guia de cada obra exposta, o trabalho de Karina amadureceu e se tornou a própria identidade da artista. “É acolhedor e ao mesmo tempo nos provoca a pensar o que estamos tecendo para este mundo. Vejo nestas obras o encontro que só o processo da gestação pode sublimar, no quanto a Karina se parece com o seu material. É a mais doce e pura seda no seu ser, no íntimo dela”, avalia Nogueira.
No segundo ambiente, Karina Amadori traz uma instalação ligada diretamente à sua vivência pessoal. A cadeira de rodas suspensa em cabos de aço em com casulos de bicho da seda colocados em lanças fazem referência à sua irmã que, em razão de uma paralisia cerebral, teve a autonomia limitada ao longo da vida. “A cadeira de rodas me acompanha por toda a vida. As sequelas da lesão que minha irmã teve ao nascer limitaram a independência dela. Entendi os movimentos de uma pessoa que vive assim e também a falta deles. É uma obra com forte significado sobre os limites e a superação”, conta a artista.
Já na sala principal, as sete camadas suspensas de voal e os fios primitivos da seda em vermelho remetem às 7 camadas que representam a passagem para o nascimento até o surgimento de uma forma feminina.
“Não tenho como pensar a natureza e a mulher de formas separadas. Tanto uma quanto a outra são potências tão presentes em nossas vidas, porém, nem sempre compreendidas. Meu processo de criação caminha por todos estes lugares e, no fim, sempre se encontram. Tudo se tornou mais especial ainda quando encontrei aqui no Paraná, em uma matéria-prima que é nossa e que vai pro mundo – na seda – um forma de expressão”, explica.
Serviço – Exposição Vida Suspensa: da Tensão à Liberdade
Local: Galeria SOMA – Avenida Sete de Setembro, 5708 / Batel. Curitiba – PR Data: 27 de maio a 1 de julho.
Abertura: 17h
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