Espetáculo de rua do Festival de Curitiba é alvo de violência policial 

A denúncia é de violência de gênero e racismo cometido por policiais militares durante apresentação na Mostra Fringe 

O grupo de teatro de rua do Rio de Janeiro-RJ RangdArt, que veio à cidade para participar da Mostra Fringe do Festival de Curitiba, foi vítima de violência de gênero e racismo cometido por policiais militares durante sessão do espetáculo “Eu Sou Você​​” na última sexta-feira (29/03), às 15h, no Bebedouro do Largo da Ordem. 

Segundo informado pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos do Paraná (Sated-PR), uma viatura da Polícia Militar do Paraná (PMPR) avançou para o espaço da cena enquanto a performance estava acontecendo e para cima de uma das artistas do grupo, a única negra retinta da montagem. 

O Sated-PR acompanhou as artistas para o registro de um boletim de ocorrência e também entrou em contato com a corregedoria da PMPR para reclamar a responsabilização dos policiais envolvidos na ação e solicitar ações imediatas de orientação, com objetivo de esclarecer qual suporte a corporação deve prestar aos artistas e como evitar abordagens com agressividade inaceitável. Ainda segundo o presidente da entidade, Adriano Esturilho, o caso é alarmante e visto como de violência de gênero, pois o grupo é formado apenas por mulheres, e racismo, uma vez que a principal atriz envolvida é negra. O sindicato divulgou nesta tarde nota oficial sobre o ocorrido, o texto pode ser lido ao final desta reportagem.

A assessoria de imprensa do Festival de Curitiba informou à reportagem do Plural que está prestando apoio, inclusive jurídico, para a companhia teatral, bem como está trabalhando e promovendo reuniões emergenciais para evitar novas situações similares. Também foi confirmado que as devidas autorizações para a realização do espetáculo, como a de uso do solo, foram aprovadas na fase de produção do evento. 

Mais um caso de violência contra artistas de espetáculo de rua teria ocorrido no mesmo fim de semana, com integrantes da Guarda Municipal de Curitiba empunhando armas para atores durante ensaio a céu aberto da peça “Todo Dia o Mundo Acaba e Só Você Não Percebe”, da Mostra Fexo (de teatro egresso da Unespar) na programação do Fringe. A assessoria do festival informou que a realização do ensaio, apesar de realizada dentro do período coberto pela autorização de uso do solo concedida ao evento, não foi avisada para a equipe responsável pela produção da mostra. O Plural tentou contato com a equipe do espetáculo, mas não houve retorno.

Também chegou ao conhecimento do Sated-PR a suspeita desse segundo caso e de um terceiro, porém os dirigentes da entidade buscavam mais detalhes (até a publicação deste texto) para decidir quais medidas adotar.

Nota oficial do Sated-PR

​​Em protesto a um caso envolvendo violência de gênero e racismo contra artistas por parte da PM durante o Festival de Curitiba.

Inaceitável! Na última sexta-feira, 29 de março, uma viatura da Polícia Militar (PM) avançou em cima de artistas de um grupo de Teatro de Rua do Rio de Janeiro, durante uma apresentação no Festival de Teatro de Curitiba, no Largo da Ordem.

O relato é que no meio da apresentação, a viatura da PM avançou na direção de uma das atrizes, a única negra retinta do elenco, e que se ela não tivesse desviado poderia ser atropelada.

Vale registrar que a PM havia sido avisada anteriormente pela produção do festival sobre os horários da apresentação. A produção do festival tentou na hora reforçar o aviso aos policiais na viatura, mas de nada adiantou.

As artistas registraram um boletim de ocorrência (B.O.), acompanhadas pelo advogado do SATED PR, que está dando suporte jurídico necessário.

O sindicato está solicitando providências para Corregedoria da PM, no sentido de responsabilizar os policiais envolvidos, e também uma reunião emergencial para que os policiais que acompanhem as atividades de rua do Festival (e outras) sejam devidamente orientados para que isso não se repita.

Durante essas duas semanas, o Festival de Curitiba recebe 105 apresentações de rua de cerca de 40 grupos, em apresentações gratuitas para a população. É inaceitável que esses artistas, que estão ali trabalhando e que movimentam o turismo e a economia da cidade durante o festival, recebam esse tratamento por parte da PM. 

Exigimos respeito ao trabalho dos artistas e técnicos da arte e da cultura. Convidamos os que amam e/ou vivem da arte a somar forças nessa reivindicação!

Recebemos relatos de mais dois casos ocorridos durante o festival, com artistas atuando na rua, que acompanharemos e daremos suporte após o contato direto com os artistas.”

Leia também: Festival de Curitiba: 5 peças que são apostas ganhas no Fringe

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2 comentários em “Espetáculo de rua do Festival de Curitiba é alvo de violência policial ”

  1. Valnei Francisco de França

    A boca sangra, no peito o compasso é de espera… Um talvez, quem sabe? As “asas da liberdade” continua fechadas” urge o hino do ideal esquecido. Oh! O pobre que não canta encanta lágrimas que rolam sentidas. A “boca do monstro’ espera… Morde, espelho. A todos entristece. No leito de morte jaz a “Arte”, pronúncia proibida por uma violência ignata.

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