“Eneida”, de Heloisa Passos, fala de uma reconciliação entre mãe e filha
Documentário da curitibana Heloisa Passos foi selecionado para o Festival É Tudo Verdade e estreia nos cinemas em junho

“Eneida” transcorre em tempo real. A história começa quando, numa viagem a caminho de Trás dos Montes, em Portugal, Eneida e a filha Heloisa relembram o tempo e as pessoas que perderam. Então Eneida pede a ajuda da filha cineasta para se reaproximar primeiro da neta, Marianna. Para depois entrar em contato com a mãe de Marianna, Maysa, a filha primogênita com a qual não fala há décadas.
Com partes rodadas em Portugal e outras, no Brasil, o documentário da cineasta curitibana Heloisa Passos fez parte da seleção do Festival Internacional É Tudo Verdade. “Eneida” fala da reconciliação entre a irmã mais velha da cineasta e sua mãe, Eneida. A estreia do filme nos cinemas está prevista para junho.
Eneida
“Aos 80 anos, Eneida sabia que já não tinha mais muito tempo a perder. O filme nasce do amor materno, do desejo do reencontro e da consciência de sua idade e seu lugar na família”, diz Passos.
É quando Eneida e Heloisa começam o esforço de se reconciliar com Maysa. Nesse momento, a cineasta e sua câmera passam a registrar a viagem de forma despojada, como um diário. Aos poucos, o registro de viagem foi tomando corpo – e acabou virando um filme.
Mulheres
De acordo com a cineasta, a busca de Eneida é longa e vai além da procura pela filha Maysa. Passando pela memória afetiva de cada uma das mulheres, Passos procura compreender como a separação aconteceu para, através do cinema, promover o reencontro e a reflexão sobre o que é ser mulher no mundo atual.
Em seu segundo longa-metragem, a diretora toca em temas que envolvem o afeto e o autoritarismo. Por meio de sua própria família, ela expõe os caminhos e as contradições da sociedade.
Assim, ao retratar a trajetória de Eneida, ela consegue falar sobre opressão, alienação e autonomia. Enfim, a mãe sonha com a possibilidade de transformar sua realidade.
Transformação
“Foi importante descobrir que minha mãe não se entrega à tragédia e que, nessa odisseia, ela descobriu que o mais importante é sair transformada de sua jornada, independente de se chegar ao destino”, diz Passos.
A certa altura do filme, a cineasta diz: “Minha mãe, eu e minhas irmãs – nós, as mulheres ignoradas – nos perdemos nessa história”.
Para ela, existe um momento muito importante do filme. “É quando eu paro de julgar e passo a entender que nós, as mulheres ignoradas, cada uma do seu jeito, achou um caminho para seguir.”
Filme
“Eneida”, de Heloisa Passos, tem previsão de estreia nos cinemas em junho.