É impossível ignorar o cinema do francês Leos Carax

Títulos como "Holy Motors" e "Annette" fazem parte do grupo de filmes de que você gosta e não sabe explicar por quê

Pegue “Annette”, o filme com Adam Driver e Marion Cotillard. Trata-se de um filme cult. É um musical com um enredo excêntrico e, acima de tudo, é um filme francês.

Porque mesmo que “Annette” (2021) tenha sido rodado nos Estados Unidos (como de fato foi) e que seja falado em inglês (cantado em inglês faria mais sentido), ele é, em espírito, um filme francês. 

E o que define um filme francês? 

Bom, uma definição possível é que o cinema francês encara a tarefa de fazer um filme como uma forma de arte. É claro que existe também cinema popular na França, uma indústria de comédias ruins e filmes de ação com efeitos especiaism igualzinho a Hollywood. 

Mas foi na França que surgiu a teoria do autor no cinema, é onde a revista “Cahiers du Cinéma” ainda é editada, e é também onde nasceu um dos maiores diretores vivos do cinema. O nome dele é Leos Carax. Ele mesmo, o cara que fez “Annette”. 

Leos Carax

Antes de “Annette” (o Plural deu uma crítica, aqui), Carax, de 62 anos, dirigiu o esquisitíssimo “Holy Motors” (2012), um filme que parece frequentar o mesmo clube de “Mulholland Drive”, de David Lynch. O clube dos filmes de que você gosta e não sabe explicar por quê. 

Explicar, aqui, pode ser uma palavra-chave. Porque esses filmes são, em alguma medida, inexplicáveis e parece que foram pensados dessa forma. Coisas estranhas acontecem e levam a desdobramentos absurdos. Apesar disso, no fim, você sente que há algo ali. Que o filme tem alguma coisa para dizer, em vez de não dizer nada.

Os amantes

Se quiser tentar um Leos Carax que faça mais sentido, veja – quando tiver chance, uma vez que o filme não está disponível em nenhum streaming por enquanto – “Os amantes de Pont-Neuf” (1991). Na história, Juliette Binoche é uma pintora que vai morar na ponte que dá título ao filme, a mais antiga e uma das mais lindas de Paris. E nela conhece um indigente que também mora na ponte, interpretado pelo ótimo Denis Lavant. É uma história de amor estranha e belíssima. Além de ter sido um dos papéis mais importantes na carreira de Binoche. 

Na verdade, Binoche fez mais um filme com Carax, “Sangue ruim”, que marcou os anos 1980. Eles chegaram a viver um relacionamento e Carax se tornou fundamental na carreira da atriz por causa desses dois filmes.

Por fim, tenha em mente que Carax realizou apenas seis longas-metragens em quase 40 anos de carreira – além de alguns curtas e videoclipes. Sempre que ele decide fazer um filme novo, é um acontecimento na França e no pequeno mundo cinéfilo que admira o trabalho dele. Se você quiser fazer parte desse mundinho, seja bem-vinda!

Onde assistir

Apenas dois filmes de Leos Carax estão disponíveis em streaming no Brasil: “Holy Motors”, no Reserva Imovision; e “Annette”, na MUBI.

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