Clipe de “Merda”, de Lucas Sfair, pega carona no “Patriota do Caminhão” e viraliza

Vídeo se tornou hype rapidamente das redes sociais ao fazer piada sobre a falta de noção de um inconformado com o resultado das últimas eleições

A carreira solo do músico curitibano Lucas Sfair já começou com um hype. O clipe “Merda” foi lançado no Instagram e ultrapassou 2 milhões de visualizações. Como? A fórmula do sucesso é uma canção que ganha fácil os ouvidos e entrou nas redes sociais apostando no sarcasmo e na paixão brasileira por memes. A grande sacada foi pegar carona no “Patriota do Caminhão”.

O artista foi integrante de duas bandas de Curitiba, primeiro da Namorada Belga e depois da Tangerim. Ele também é publicitário e dono de uma produtora de trilhas sonoras que conquistou muitos troféus no Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade de Cannes (o mais importante prêmio da publicidade no mundo). Para completar o currículo invejável de alguém que tem apenas 33 anos, já trabalhou com artistas como Gloria Groove, Milton Nascimento, Alok, Rincon Sapiência e Fatboy Slim.

Em entrevista ao Plural por WhatsApp, Sfair, contou um pouco mais da sua vida, da carreira e de como “a coisa mais sem noção dos últimos tempos” foi combustível para divulgar a sua música. Confira a seguir como foi o papo.

Clipe inspirado no “Patriota do Caminhão” viralizou a música “Merda”, a primeira da carreira solo de Lucas Sfair.

Quando a música entrou na sua vida? 
Sou de Curitiba e me mudei neste ano para Balneário Camboriú (SC), por isso acabei saindo da Tangerim, uma banda que fundei e ainda está ativa, mas agora segue como duo Angelo Signori e Bruno Beltrão. Ainda durante a faculdade, eu fiz parte da Namorada Belga. Sempre tive banda, desde os 13 anos. Gosto de compor e cantar desde criança, escrevo música o tempo todo, é um hobby e também minha profissão. Há dez anos criei minha própria empresa que faz produção de trilha sonora para filmes. Sou muito ligado à criatividade e acredito que, por isso, tenho facilidade de expressar sentimentos com palavras e melodias.

Como você entrou no mundo da publicidade?
A comunicação social vem de berço. Minha mãe é jornalista e eu sou publicitário, mas fiz alguns cursos extras na área de música, como um on-line da Berklee College of Music. São dois universos distintos, o da publicidade e o da música, um convence e o outro emociona. Eu também trabalhei no setor de criação de agências de publicidade, antes de abrir minha empresa, e sempre acabava transformando tudo em jingle por causa da paixão por música. Assim surgiu a produtora de áudio, que faz bastante sucesso no mercado até internacional; já ganhei mais de 60 leões no festival de Cannes e trabalhei com artistas como Gloria Groove, Milton Nascimento, Alok, Rincon Sapiência e Fatboy Slim.

Sua família apoiou a ideia de ser músico?
Minha mãe percebeu cedo meu gosto pela música e esteve em muitos dos meus shows, até quando não tinha mais ninguém. Ela é o tipo de pessoa que acredita que, se você quer fazer algo, deve ir atrás. Sou muito grato porque ela me ajudou bastante, como pode: fiz fonoaudióloga, aula de canto e outros instrumentos. Todo mundo na família segue o coração como profissão, minha irmã é chef de cozinha e meu irmão é ator.

Você se considera de esquerda?
Sou a favor das minorias, da inclusão e da democracia. Acredito que o povo merece dignidade, respeito e liberdade. Sou contra o desmatamento criminoso, contra discurso de ódio, contra preconceito religioso, fui criado para acreditar na individualidade do ser humano e abraçar as diferenças. Sou a favor da ciência e não questiono se a terra é redonda, por isso tudo foi muito fácil decidir em quem não votar neste ano.

A música “Merda” veio primeiro ou a ideia do clipe inspirado no “Patriota do Caminhão”? É uma canção romântica?
A música já estava pronta. Ela conta uma história pessoal, feita pra quem sabe rir de si mesmo. A ideia para o clipe veio quando eu estava tentando imaginar qual seria o melhor exemplo de alguém fazendo merda. O “Patriota do Caminhão” foi a coisa mais sem noção dos últimos tempos, então casou perfeitamente. Não é uma letra de amor romântico, envolve isso de certa forma, porém tem mais a ver com o julgamento de pessoas que se metem demais em assuntos que não delas, como quem critica os outros na internet, os haters e por aí vai. Por isso, o refrão fala: “Enquanto eu tento desviar aos poucos do tiroteio que é o olhar dos outros.”

O clipe viralizou, mas o TikTok tirou do ar. Por quê? 
O clipe viralizou no Instagram, muitas pessoas e perfis famosos compartilharam de maneira orgânica, alguns foram Choquei, Gifsgalerahumanas, Nazaré Sincera, Popload e Tenho Mais Discos que Amigos. O consumo, hoje, é muito visual e minha estratégia foi publicar o filme completo na rede social, em vez de colocar no YouTube. Por isso, as quase 2 milhões de visualizações aconteceram dentro da própria plataforma. Optei por fazer dessa forma porque sabia que teria força como meme e humor. 

O TikTok tirou do ar alegando que as imagens continham atividades de risco, além de apresentar bebidas alcoólicas, tem uma cena em que eu tomo “Velho Barreiro”. Infelizmente perdi quando tentei recorrer, parece que eles preferem que eu não inspire outras pessoas a tentarem isso em casa. É compreensível, mas, no final das contas, é só um clipe, se fosse tudo de verdade eu entenderia melhor. Aliás, até a cachaça era água.

Espera que o clipe tenha uma vida longa?
Acredito que a música tem uma letra atemporal, sobre fazer merda. Todo mundo já se sentiu dessa forma e continuará se identificando. Mas o clipe teve o timing certo, porque a piada poderia perder a força se lançado com atraso. De certa maneira, o “Patriota do Caminhão” virou um clássico, mas na internet o hype muda o tempo todo.

Você já programou o lançamento de novas músicas?
Tenho mais dez músicas gravadas que, a princípio, serão lançadas como singles. Mas ainda não sei qual vai ser a próxima. Vou dar spoiler dos títulos das que estão na disputa: “Exploda o mundo”, “Habitat natural”, “O outro lado” e “Sempre quero mais”. Quero compilar todas em um álbum depois, ainda estou decidindo como fazer, mas pode ser uma boa ideia produzir um vinil. Eu gosto muito de vinil, coleciono há anos. A mágica é diferente, a começar pelo encarte. Acho lindo! 

Para finalizar, como estão as expectativas a partir desse primeiro sucesso? 
Confesso que estou preocupado. Quero manter a qualidade audiovisual lá em cima e vai ser difícil contar com um novo viral. Sou músico, não sou um meme ou influenciador, e música eu tenho de sobra para oferecer. Espero que gostem. Minha parte é criar arte e fazer o que acredito, se o público vai se interessar, só lançando pra saber.

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