Vocação porteña: 6 bares e restaurantes argentinos entre o Alto da XV e o Juvevê

Carne assada, empanadas e muito doce de leite: um roteiro para quem gosta da culinário dos hermanos

Bares e restaurantes especializados na culinária argentina estão espalhados por toda Curitiba. Mas, uma porção considerável se concentra entre os bairros do Alto da XV e Juvevê, a confirmar quase uma vocação porteña da região norte da cidade.

Por aqui, podem ser encontradas parrillas, empanadas e medialunas – versão argentina do francês croissant. “Por um lado é uma região carente de opções gastronômicas de alto nível, por outro, tem uma clientela fiel e com bom poder aquisitivo”, avalia o argentino Abel Blumenkrantz, confeiteiro e proprietário do MediaLuna, café especializado em doces e salgados de seu país.

Há mais de uma década, quando os brasileiros intensificaram as viagens para a Argentina – aproveitando o câmbio favorável entre real e peso – a culinária dos hermanos começou a se popularizar em muitas cidades do Brasil. Em Curitiba não foi diferente. 

Abel foi o último a chegar na região, em 2019. Já as primeiras casas argentinas da região – o Tierra del Fuego e o La Linda – completam dez anos em 2021 e hoje estão bem consolidados no cenário gastronômico curitibano. 

Conheça 6 bares e restaurantes argentinos no Alto da XV e Juvevê.

Cabaña Montefusco

Com 30 anos de experiência, o argentino Pedro Montefusco (ex-Tierra del Fuego) comanda a parrilla com o objetivo de se manter fiel à tradição do seu país. Da churrasqueira, instalada num casarão de estilo rústico e decorado com pedras e madeira, saem cortes clássicos como o bife de chorizo (contrafilé de 300 g) e ojo de bife (400 g) – respectivamente R$ 72 e R$ 116. O chorizo está disponível também na versão de 500 g, que sai por R$ 110. 

Maria Eduarda Duarte, filha de Pedro e sócia do restaurante, convida os clientes a irem além e experimentarem um corte que não tem a mesma fama, apesar do “sabor inegualável”. Ela se refere ao assado de tiras, que no Brasil recebe o nome de ripa de costela, cujo osso e gordura entremeadas o tornam particularmente saboroso. O preço vai de R$ 57 a R$ 94, nas porções respectivamente de 300 g e 500 g.

Outra sugestão é a milanesa (R$ 72), bife de mignon cortado em tiras finas, empanado e frito, e servido com batatas fritas e saladas. É um clássico em Buenos Aires, onde costuma ser acompanhado de purê. O prato sai por R$ 72. Completam as carnes do cardápio, picanha, prime rib, alcatra, cordeiro (nas versões pernil e carré) e mignon suíno.

Há também opções de parrillada, com carnes mistas e acompanhamentos como abóbora cabotiá assada, chimichurri, molleja (timo) e morcilla (chouriço de sangue). As parrilladas para duas e quatro pessoas custam R$ 180 e R$ 320, respectivamente. As carnes, diz Maria Eduarda, são da raça Angus e importadas da Argentina.

O menu é extenso e conta também com acompanhamentos, saladas e massas. Para abrir o apetite, uma boa pedida são as empanadas (R$ 6 a unidade), fartamente recheadas e sequinhas por fora, disponíveis em três versões: carne, carne com queijo, e carne com uva passa. Ou a provoleta, fatia de queijo provolone assada na grelha e servida com manjericão e tomate cereja (R$ 31).

Inaugurado em 2017, a Cabaña Montefusco serve o almoço executivo de terça a sexta-feira com os mesmos cortes do menu à la carte, mas em porções e preços reduzidos, de R$ 29 (coxa e sobrecoxa de frango) a R$ 54 (picanha). Todos os pratos têm acompanhamentos. Há ainda a opção menu do dia com entrada, prato principal e sobremesa a preço fixo de R$ 59.

Serviço

Rua Comendador Macedo, 566, Centro – 41 3095 7441. Terça a sexta, das 11h30 às 15h; sábado e domingo, das 11h30 às 15h30; quinta a sábado, das 19h às 23h.

Don Hugo Empanadas

Quando o assunto é empanadas, o céu é o limite. A criatividade do cozinheiro e a sede por novidade dos clientes fizeram o argentino Hugo Volkis, mais conhecido como Don Hugo, botar a mão na massa e inventar quase 150 sabores – sendo cerca de 30 doces – desde que inaugurou sua casa, em 2015. 

“A gente já se perguntou se não fizemos sabores demais, mas quando pensamos em tirar um do cardápio, chega um cliente e pede aquele”, brinca Don Hugo. Na Argentina, é comum encontrar uma meia dúzia de sabores, mas, segundo o empresário, algo está mudando também no país vizinho e hoje é cada vez mais fácil experimentar versões mais ousadas. 

Por aqui, os sabores clássicos à base de carne em todas as suas variações – com queijo, picante, com ovo, ou azeitonas e uva passa – são os que mais saem, mas as versões com camarões e molho do crustáceos estão conquistando novos adeptos. Assim como as empanadas de carne seca, cebola e gorgonzola.

Impossível listar todas as variantes, mas, para confirmar a versatilidade desse salgado – que Don Hugo prepara com massa finissima e recheio farto -, basta citar as versões com queijo minas e mix de cogumelos (shiitake, paris e funghi secchi). Entre os últimos lançamentos estão caponata e milho. Em breve vai estrear a opção vegana à base de soja texturizada. O preço das empanadas varia de R$ 10,50 a R$ 16, a unidade.

Completam o cardápio os alfajores (R$ 7) de doce de leite importado da Argentina e as medialunas (R$ 4), versão hermana do croissant, para rechear com doce ou salgado.

Serviço

Rua Machado de Assis 322, Juvevê – 41 3089-7970. De terça a sábado das 17h às 22h.

La Linda

A crise econômica causada pela pandemia obrigou, no início de fevereiro, o La Linda a fechar a unidade no Batel, que abriu há exatos dois anos. Atualmente resiste apenas a primeira unidade, no Alto da XV, que em 2021 completa dez anos, o que a torna uma das casas de carnes argentinas mais longevas de Curitiba.

O segredo é ter um bom parrillero e executar bem os pratos clássicos, segundo a argentina Marcela Crespi, sócia-proprietária ao lado de Fernando Zanardini. “Nos últimos anos, o brasileiro passou a viajar muito para a Argentina e a gostar da comida argentina. Isso explica o sucesso dos restaurantes argentinos no Brasil”, explica Marcela. 

Os cortes Angus servidos na casa são argentinos, uruguaios e brasileiros. “Porque as carnes daqui não têm nada a invejar”, garante a proprietária.  

Ojo de bife (entrecôte) e bife de chorizo (contrafilé) são os cortes mais pedidos, que custam respectivamente R$ 62 e R$ 60. Para acompanhar, a dica são os tradicionais papas suflê (bata frita infladas) e revuelto gramajo, porção de fritas em formato de palito com ervilha, ovo, presunto e cebola, que saem por R$ 28 e R$ 26, respectivamente. Para acompanhar as carnes, há ainda saladas e massas.

A novidade do cardápio é a estreia do menu degustação com cinco minisobremesas (R$ 55), ideal para dividir no final da refeição: churros, alfajor, pudim, panqueca de doce de leite, almendrado (torta gelada de amêndoas). 

Já para abrir o apetite, além das empanadas (destaque para a de costela, R$ 6,50) e provoleta grelhada e temperada com alho e orégano (R$ 25), as entradas contemplam opções pouco comuns como rinhones (rim, R$ 24) e chinchulines, porção de intestino fino a R$ 25. A rolha é livre para vinhos argentinos.

Serviço

Rua Presidente Rodrigo Otávio, 835, Alto da XV  – 41 3078 1732. De terça a sábado, das 19 às 22h. Sábado e domingo, das 12 às 15h.

MediaLuna

Pela aparência são facilmente confundidas com o croissant, mas as medialunas são uma invenção tipicamente argentina. A diferença está nos ingredientes e no processo de dobra que conferem a esse pãozinho doce e amanteigado uma textura mais fofinha que seu correspectivo parisiense. 

No MediaLuna, café comandado pelo confeiteiro argentino Abel Blumenkrantz que aprendeu as receitas com a mãe, o doce típico é vendido nas versões pequena (R$ 2,60) e grande (R$ 4,85). A meia dúzia de medialunas grandes e a dúzia de medialunas pequenas  saem por R$ 26.

A medialuna grande pode ser recheada com ingredientes doces ou salgados no local ou pode ser levada para casa. Os recheios mais pedidos são doce de leite e presunto e queijo. 

Após a insistência dos clientes, Blumenkrantz inseriu no cardápio também as empanadas que, ele frisa, são feitas com matéria-prima brasileira. A versão tradicional leva carne cortada na ponta da faca. Há ainda opções de frango, queijo com cebola e um novo sabor todo mês. A unidade sai por R$ 9,80. O combo com três empanadas custa R$ 26 e o de seis, R$ 48,50, com sabores a escolha do cliente.

Outros destaques do menu são o rollito de coco (R$ 14,30), uma espécie de cinnamon roll com muito recheio, e diversos tipos de alfajores (R$ 9,80) como o marplatense, com chocolate meio amargo e doce de leite, e o santafesino, com doce de leite e limão glacê. O doce de leite é caseiro.

Desde que abriu em 2019, o MediaLuna mudou de endereço três vezes, sempre no Alto da XV. Por seis meses funcionou apenas como dark kitchen, ou seja, sem atendimento no balcão e apenas com delivery. No começo de fevereiro, reabriu ao público.

Serviço

R. Sete de Abril, 440, Alto da XV – 41 99778 1712. De segunda a sábado das 8 às 19h.

Refúgio Patagônia

Após um período fechado, o Refúgio Patagônia reabriu no início deste ano sob nova gestão e com novidades no cardápio. O empreendimento, que mistura parrilla, cervejas artesanais e coquetelaria, está agora sob o comando do empresário Alessandro Reis, do Grupo Crossroads e Bastards. 

O destaque do cardápio são as tábuas para compartilhar com 300 g de carnes (R$ 94 a R$ 115) com vacio, ojo de bife, bife de chorizo, tapa de cuadril, linguiça suína (300 g), legumes grelhados (250 g), pão de alho, maionese de páprica defumada e chimichurri. Há também a versão vegetariana (R$ 43), com cenoura, abobrinha, cebola, brócolis, batata doce, batata bolinha, couve-flor, abóbora e tomate cereja.

As empanadas são servidas nas versões de carne, salteña, vegetariana e queijo com cebola (R$ 13 cada) e em combos com quatro (R$ 43) ou oito unidades (R$ 89). Para completar a refeição, não pode faltar o tradicional alfajor de doce de leite e cobertura de chocolate (R$ 9). 

A carta de bebidas conta os rótulos de cerveja Patagonia, tanto em chope quanto nas versões lata e garrafa. Há ainda outras cervejas artesanais, como Colorado e Goose Island, com preços de R$ 11 a R$ 31. A principal novidade da nova gestão, além da reforma da área externa, é o lançamento da carta de drinks com 27 coquetéis, entre clássicos e autorais. Entre eles, o icônico Fernet e cola.

Ao longo dos próximos meses, Reis promete trazer novidades a Curitiba, como parrilleros convidados da Argentina, pratos sazonais, novos cortes e preparos como o polvo grelhado. 

Serviço

Rua Itupava, 1498, Alto da XV – 41 3023 3356. Quarta à sexta das 18 às 22h; sábado das 12 às 22h; domingo das 15 às 22h.

Tierra del Fuego

Inaugurado em 2011 pelo argentino Pedro Montefusco (hoje na Cabaña Montefusco), o Tierra del Fuego se firmou como um dos principais restaurantes argentinos de Curitiba. “Nos mantemos fieis à tradição, com os mesmos pratos desde o começo, sem ceder a modismo”, diz o empresário José Roberto Lucini, que comanda a casa desde 2017.  

Sem exagerar nas opções de saladas, acompanhamentos e entradas, o cardápio foca nas carnes Angus importadas resfriadas da Argentina e Uruguai. Entre a dúzia de cortes, há o clássico bife de chorizo (contrafilé) servido fechado ou aberto ao meio para quem não gosta de carne muito mal passada – de R$ 62,50 a R$ 97,90, respectivamente 300 g e 500 g. 

Há ainda o bife ancho (entrecote de 400 g) por R$ 97,50 e o prime rib, que é o bife de ancho com osso (124,90 o bife de 500 g). O carré de cordeiro de 500 g sai por R$ 125, já o assado de tira (ripa da costela) do mesmo peso por R$ 82,30. As carnes são acompanhadas de molho chimichurri da casa, arroz e farofa da casa.

Para abrir os trabalhos, há choripan de linguiça e chimichurri (R$ 6,50), empanada de carne e queijo (R$ 5,90), provoleta grelhada (R$ 29,50), morcilla (chouriço de sangue) a R$ 18,80 e molleja (timo bovino) a R$ 31,20, entre outras opções. Para finalizar, a sobremesa mais apreciada da casa é a panqueca de doce de leite com sorvete de creme (R$ 20,90).

Serviço

Rua Barão de Guaraúna, 550, Juvevê – 41 3256 2323. De terça a sábado das 11 às 15h e das 18 às 22h. Domingo das 11 às 15h.

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