Dia das Mães: grandes cozinheiras compartilham suas relações gastronômicas com os filhos

Cozinha pode ser lugar de crianças para Bel Coelho, Carla Pernambuco, Roberta Julião, Lisiane Arouca, Janaína Rueda e Claudia Rezende.

A chama do fogão pode assustar, uma faca afiada pode machucar. Mas, ainda assim, a cozinha pode ser um lugar para crianças, fazendo dela um espaço de comunicação e de criação. Isso é o que dizem as chefs que também são mães Bel Coelho, Carla Pernambuco, Roberta Julião, Lisiane Arouca, Janaína Rueda e Claudia Rezende.

Paulistana com 20 anos de carreira, Bel Coelho comanda dois restaurantes estrelados, o Clandestino e o Canto da Bel. E, em casa, não esconde a alegria de ter os filhos Francisco e José, de 6 e 4 anos, sempre pela cozinha. “Adoro que eles tenham bastante interesse e curiosidade em saber o que está sendo feito Já chegam pedindo um banquinho para ficar na altura da bancada”, conta. “Ensino sobretudo habilidades básicas de como manusear uma faca e o fogo para que eles não se machuquem. Hoje, a relação deles com a comida e a cozinha é natural e prazerosa “

O filho da chef Roberta Julião, do Da Feira ao Baile, ainda não está na idade de subir no banquinho – Matias tem apenas 8 meses. No entanto, Roberta já introduz o garoto no mundo colorido e saboroso da comida. “Comer é compartilhar, estar junto, apreciar, saborear. E quero passar essa paixão para meu filho. Tento mostrar a importância do momento da refeição, o quanto pode ser prazeroso e divertido, um momento da família unida”, diz. “Dou a ele a liberdade para descobrir a comida, comer como e quanto quiser, sendo o protagonista de sua introdução alimentar, sem pressa e respeitando o seu tempo.”

Companhia

Janaína Rueda, chef do Bar da Dona Onça e d’A Casa do Porco, também entende a cozinha de casa como espaço de convivência. Ela vai além ao inserir as crianças também nos restaurantes. Tanto que a história profissional da chef e de seu marido, Jefferson Rueda, se entrelaça com as memórias de João Pedro, de 16 anos, e Joaquim José, de 12. “Meus filhos praticamente nasceram e cresceram na cozinha. A primeira papinha do João saiu na imprensa, com receita e fotos dele”, lembra Janaína. Hoje, o primeiro emprego do João é como garde manger d’A Casa do Porco. “É muito natural para eles. Está no sangue.”

Lisiane Arouca, sócia-proprietária e chef pâtissière do Origem, tentou inserir as filhas Giulia, de 18 anos, e Luana, de 22, no cotidiano da cozinha. Mas cada uma seguiu por um caminho. “Tenho duas filhotas diferentes uma da outra: a mais nova gosta de comer e sente prazer com a alimentação, enquanto para a mais velha tanto faz comer ou não”, conta. Lisiane revela que quis ter pelo menos uma das meninas nos restaurantes e não perdeu a esperança. “A mais nova, que é artista e criativa, pode se interessar pela gastronomia.”

Tempo

Não importa o caminho que os filhos sigam: o ambiente pode continuar sendo um ponto de encontro na idade adulta. Floriana Breyer, de 39 anos, filha da chef Carla Pernambuco, sempre participou do Carlota trazendo ingredientes novos para a cozinha do bistrô. “Floriana foi a nossa ‘forager’, que pesquisava produtos e trazia essas novidades para o Carlota”, afirma.

Da vontade de levar esses sabores e saberes para mais gente, nasceu o SinestesiXLab, uma parceria de mãe e filha que gera receitas, conteúdos audiovisuais, novos produtos para o mercado e aulas biodiversas. “Estar ao lado da minha filha em um projeto tão bacana idealizado por ela agrega tanto para o Carlota quanto para mãe e filha.”

Os três filhos da chef e padeira Claudia Rezende, da Zestzing Padaria Artesanal, estão hoje com 26 e 28 anos. E amam cozinhar, embora cada um tenha uma relação diferente com a comida. Michele, de 26 anos, pediu um curso formal de gastronomia para a mãe na época em que foi morar fora. “Hoje, é ela quem faz muitas vezes o jantar”, lembra. Seu irmão gêmeo Rafael mora sozinho e cozinha muito bem. “Quando a família se reúne, ele faz a comida com ajuda dos irmãos, quase não me deixam entrar na cozinha.”

Camile, de 28 anos, se tornou vegana. “Ela fazia questão de preparar suas refeições. Nem me deixava comprar os ingredientes”, conclui a padeira, que ainda dá pitacos na hora de cozinhar. Coisa de chef. Ou de mãe.

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