65% dos restaurantes não tiveram lucro em maio e culpa é da inflação, diz Abrasel

Queda nas vendas e redução no número de clientes também são fatores apontados pela associação

Levantamento da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) divulgado nesta segunda-feira (4) mostra que apenas 35% dos bares e restaurantes relatam ter tido lucro em maio, contra 29% que realizaram prejuízo e outros 36% ficaram em equilíbrio. A pesquisa consultou 1.689 empresários de todo o país entre 21 e 28 de junho.

Os empresários culpam a inflação como principal obstáculo para uma retomada mais rápida: o aumento do preço dos insumos contribuiu para o resultado negativo de 75% dos empreendimentos que tiveram prejuízo. Queda nas vendas (63%) e redução no número de clientes (58%) também são apontados como causas.

“Com a inflação e consequente perda de ganho, pessoas e famílias acabam tendo mais dificuldades e diminuem a ida a restaurantes para focar em outras prioridades. Acreditamos que a situação deva melhorar, o Brasil está com bom PIB e produção. Precisamos pensar positivamente porque é o nosso pensamento positivo que vai fazer a economia girar. Já passamos por maiores dificuldades na época da Covid”, avalia o presidente da Abrasel, seção Paraná, Luis Fernando Menuci.

No geral, 45% dos respondentes dizem ter feito reajustes, mas abaixo da inflação oficial que, em maio foi de 11,73% no ano, de acordo com o índice IPCA. Outros 29% não conseguiram reajustar o cardápio, já 23% elevaram os preços somente para acompanhar a inflação e só 3% dizem ter feito reajuste reais, ou seja, acima da inflação.

“Se juntarmos quem não reajustou com quem fez reajustes abaixo da inflação, são 3 em cada 4 estabelecimentos (74%) que não conseguem repassar o aumento dos custos. Isso explica por que, em nosso setor, a inflação dos últimos 12 meses ter sido praticamente a metade da inflação média no país. Por um lado, isso torna mais atrativo comer fora de casa. Mas coloca em risco milhares de negócios que lutam para se recuperar dos prejuízos acumulados”, avalia o presidente-executivo da Abrasel nacional, Paulo Solmucci.

A pesquisa revela ainda que 54% dos respondentes têm dívidas com bancos e 49% estão com o pagamento dos impostos atrasado. Os empresários que tomaram empréstimos têm, em média, 13,6% de custo mensal para a quitação das parcelas. Dos que tomaram dinheiro, 67% usaram linhas regulares dos bancos e 59% fizeram empréstimo via Pronampe, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte que foi criado durante a pandemia.

As dívidas acumuladas são um reflexo da pandemia, período em que muitos empresários tiveram que recorrer a linhas de crédito para manter a operação rodando. Segundo Menuci, o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) vai ajudar os empresários ao permitir que atividades econômicas ligadas ao setor de eventos gozem de benefícios – como descontos, entrada reduzida e prazos diferenciados – na quitação de dívidas com a União.

Os números negativos do levantamento mostram ainda um cenário estável em relação ao levantamento de abril, quando 35% dos bares e restaurantes tiveram lucro e 28%, prejuízo. Mesmo assim, segundo a entidade “o movimento de retomada está se consolidando”.

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