Paciente luta com operadora para manter tratamento no Erasto Gaertner

Portadora de caso raro de amiloidose já enfrentou negativas do plano e agora descobriu que hospital será descredenciado pela Hapvida

Uma paciente de amiloidose em Curitiba vem lutando para que a Hapvida, grupo que comprou os planos de saúde da Clinipam, mantenha seu tratamento no Hospital Erasto Gaerttner, referência em Curitiba, e para continuar recebendo os medicamentos de alto custo prescritos por seu médico. A operadora está descredenciando o Erasto e quer transferir os pacientes de lá para seu próprio centro de atendimento, no Cabral.

Rosa Maria Matioski lida com a amiloidose, uma doença rara que afeta seus rins, desde 2022. O diagnóstico foi demorado em parte porque a versão da doença que ela tem é rara e em parte porque, desde o começo, houve dificuldades com a Clinipam, que não liberou uma biópsia da medula.

Hoje, por recomendação do médico que passou a atendê-la no Erasto e que conseguiu identificar a doença, Rosa faz tratamento com três quimioterápicos: Daratumumabe, Bortozomib e Dexametasona. Para receber o mais caro dos três, o Daratumumabe, ela precisou ir à Justiça uma vez que, novamente, o plano deu a ela uma negativa.

Segundo a paciente, mesmo depois da concessão dos remédios por liminar judicial, os três primeiros ciclos de aplicação dos quimioterápicos tiveram transtornos. “Os outros dois medicamentos, Bortezomib e Dexametasona, a Clinipam liberava com muito custo, com erros de senhas, indicação de local errado etc”. Porém, a partir daí a situação piorou: a Hapvida passou a insistir que ela passasse o tratamento para seu próprio centro.

A operadora tem em seu plano de negócios a verticalização, o que significa incorporar a maior parte dos processos e evitar contratos com terceirizados. Desde que assumiu a Clinipam (que antes já havia sido comprada pelo Grupo Notre Dame Intermédica), a Hapvida já descredenciou os hospitais Angelina Caron, Pequeno Príncipe e Menino Deus.

Rosa Maria diz que chegou a pagar um ciclo de quimioterapia do próprio bolso para não atrasar o tratamento. De acordo com a operadora, o próximo ciclo já está liberado para o Erasto Gaertner, embora ainda não haja garantia de que o tratamento continuará a ser realizado ali depois do descredenciamento.

Rosa Maria diz ter inclusive ouvido de uma funcionária da operadora que, após a transferência desejada pela Hapvida do tratamento para o Cabral, o medicamento mais caro não seria fornecido. A Hapvida não confirma isso. No entanto, de fato, quando foi prescrito pela primeira vez para a paciente, a operadora afirmou que o uso para aquela situação era “offlabel” (não previsto em bula) e recusou o fornecimento.

A Hapvida afirma que os profissionais de seu centro médico têm todas as condições de continuar com o tratamento de Rosa Maria e que a paciente vem recebendo o acolhimento necessário.

Rosa Maria, porém, diz que sua vida depende do tratamento atual e não pretende abrir mão do Erasto e da equipe que vêm cuidado dela. “Estou desesperada”, diz ela. “Minha imunidade está muito baixa, estou com perda de albumina, proteínas e anticorpos na urina e inchando muito e preciso que seja liberado para o Erasto pois meu médico é de lá e meu prontuário está lá e me sinto segura. Já sofri muito no Cabral e em março de 2023 tive crises de ansiedade e pânico”, conta Rosa.

Nota oficial

Procurada pelo Plural, a Hapvida enviou uma nota sobre o tema. Leia o texto na íntegra:

A empresa reitera seu compromisso de proporcionar a melhor assistência e cuidado aos seus clientes. Destaca-se que a medicação da cliente Rosa Maria Matioski está disponível para realização dentro da rede própria, em conformidade com a decisão judicial. A operadora salienta que seus pacientes são submetidos a avaliações regulares para acompanhar a evolução de seu quadro clínico, garantindo assim que a liberação dos medicamentos seja realizada de forma segura conforme cada caso.

Em relação ao hospital citado, a Companhia esclarece que o prestador permanece ativo e credenciado à Operadora, apenas houve readequação de alguns serviços para outros prestadores da rede, conforme previsto nas condições contratuais e legislação vigente. A empresa mantém contato com a cliente e está à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.

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