Isolamento social dia 90

Querido diário: minha cidade esta prestes a fechar os negócios que tinham reaberto há poucas semanas. Isso porque todo mundo com dois neurônios tinha dito que não prestava abrir nada agora porque a pandemia continua subindo. Mas abriram. E vão ser obrigados a fechar porque corpos mortos se acumulam. Isso tem pitadas de tragicomédia da pior espécie, que se eu escrevesse ninguém acreditava.

A começar pela reabertura econômica, sem planejamento, sem nenhuma base científica. Nem vou me gastar falando as mil razões do “porque não”, basta a pessoa ver menos WhatsApp e mais Átila Iamarino.

Ontem teve manifestação dos proprietários desses estabelecimentos que serão fechados na frente do apartamento do prefeito e é um show de clichês. Um dos vídeos dizia que os proprietários de bares, lojas e academias estavam protestando e aí aparece um sujeito, no vídeo, todo trabalhado no suplemento e no “leg day”. Seria legal se ele fosse dono de bar.

Proprietários, eu compartilho da sua frustração e preocupação, mas na hora que gente pode morrer porque mantemos nosso trabalho em atividade, os outros argumentos caem por terra. Mas as pessoas não querem ouvir isso. E ficam surdas. E surtadas. E, pra provar que a ignorância impera e que o WhatsApp não serve pra nada, vão fazer protesto na frente da casa do prefeito onde ele não mora – ele mora numa chácara, cheia de estátuas que não são exatamente dele (ouvi dizer).

Aliás, o prefeito e seus amiguchos da prefeitura disseram que tudo vai fechar. Menos os shoppings. Você pensa comigo: qual a lógica nisso? Se você ficar muito focado nessa tal de lógica, em decisões tomadas pelo Executivo do poder público, seu cérebro vai espanar! Não tem lógica, só pode ter favorecimento de aliados financeiros.

“Ah, mas você tá sendo muito negativo”, diz a pessoa que finge não saber que o número de mortos de Covid-19 aqui dobrou nos últimos dias. Os reaberturistas são os novos terraplanistas do Brasil, mas em vez de serem só esquisitos eles podem estar aumentando o número de mortes.

Espero que Curitiba deixe de encenar essa tragicomédia, porque as partes engraçadas não estão compensado o cheiro de morte no ar.

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