Tudo parecia estar se encaminhando para o sucesso de Patrícia de Araújo Dias Silva no setor de alimentação. O curso de Letras fora substituído pelo de graduação em gastronomia, que por sua vez foi complementado por vários outros cursos no Brasil e na Itália. Patisserie, boulangerie, enologia, cozinha italiana, cursos de pizza, de massas e molhos, um depois do outro, alguns feitos simultaneamente.
Patrícia, ou Paty, como é conhecida, se apaixonou pelo processo de produção de pães e massas até descobrir que era alérgica a um dos componentes do trigo. O jeito foi redirecionar seus estudos – ela sempre está buscando cursos e técnicas novas – e buscar técnicas de produção de alimentos sem glúten.
Como diz o velho ditado, “do limão ela logo tratou de fazer uma limonada”. Ao concluir o curso de Técnica de Nutrição, criou, em 2016, com a sócia e nutricionista Beatriz Tomazi, a Paty Araújo Gastronomia, empresa especializada na produção de alimentos sem glúten e lácteos.
Desde então, ela produz alimentos para pessoas que têm restrições alimentares, como os portadores de fenilcetonúria, uma doença genética rara que afeta 1 em cada 10 mil pessoas, e que provoca uma deficiência no metabolismo de certas proteínas. Paty desenvolve e produz alimentos com proteínas toleráveis por esses pacientes, como por exemplo, usando ovos no lugar de leite.
Além de atender pessoas que têm necessidades particularizadas como essa, Paty cria produtos sem açúcar, aproveitando a pectina e a frutose presente na maçã e nas tâmaras. “Hoje as mães procuram adiar o máximo possível a ingestão de açúcar pelas crianças. Por isso fazemos biscoitos sem açúcar, ou sem ovos, ou ainda com adoçantes, para os diabéticos”, relata.
Paty comercializa seus produtos apenas pela internet e afirma não dar conta da infinidade de pedidos que recebe, seja por portadores de doenças que exigem uma dieta diferenciada ou por pessoas que optam por uma alimentação low carb, rica em gorduras e pouco carboidratos.
Sua principal dificuldade é encontrar profissionais capacitados para a produção. Os que conhecem essas técnicas, trabalham por conta e diante da demanda crescente por esses produtos, deslancham rapidamente.
No cardápio enviado semanalmente por WhatsApp para seus clientes constam geleias caseiras, crumbles, cookies, bolos caseiros e pães, muffins, salgados congelados para assar e produtos veganos variados. Paty também faz docinhos sem glúten e sem açúcar para festas infantis, algumas refeições práticas, sobremesas congeladas e opções para compartilhar.
O carro chefe das vendas da Paty Gastronomia são os pães, feitos com farinhas especiais e as mono porções congeladas, prontas para serem finalizadas na air fry. Tem ainda a linha para compartilhar , como a panqueca e os cremes proteicos, vendidos durante todo o ano.
Paty, que agora além da empresa, dá aulas nos cursos de cozinha sem glúten e de cozinha vegana para jovens e adultos, e continua estudando para aprimorar suas técnicas, afirma que não abre mão do trabalho artesanal da sua produção. É ela que supervisiona a produção, que escolhe suas panelas de fundo triplo e que por isso mesmo, muitas vezes não consegue atender a todos os pedidos. “Prefiro dizer para o cliente que determinado produto só estará disponível daqui dois ou três dias, a abrir mão dessa produção artesanal”, afirma.
Essa gastronomia que atende às necessidades específicas de saúde está cada vez mais em evidência e, por isso mesmo, incorpora novas técnicas e ingredientes para promover o bem estar de seus clientes.
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