Pinhão nosso de todo ano!

O pinhão é bastante apreciado na alimentação humana e embora alguns chefs de cozinha preparem pratos mais ou menos sofisticados com ele, o melhor jeito de comê-lo e apreciar o seu sabor é mesmo ao natural, cozido na panela de pressão ou ‘sapecado’

Eles começam a aparecer em pacotes vendidos nos sinaleiros e estradas lá por meados do mês de abril, dependendo da safra de cada ano. Nos meses seguintes são destaque nos supermercados, feiras, festas juninas e quermesses. O pinhão, talvez o produto mais característico deste estado é uma semente da araucária, também conhecida como Pinheiro-do-Paraná, encontrado dentro da pinha nos galhos das árvores fêmeas. Interessa sob vários aspectos: do econômico – é um produto importante tanto no mercado formal como informal de trabalho – do gastronômico – várias festas são feitas no Paraná e na região Sul para vendê-lo ao natural ou em pratos elaborados – do nutritivo, é uma rica fonte de vitaminas. Neste ano, o IAT – Instituto Água e Terra – liberou a colheita, venda transporte e armazenamento de pinhão no Paraná, a partir de primeiro de abril, sendo que a safra normalmente se estende até junho.

O órgão reforça que apenas pinhões que tenham alcançado o completo processo de maturação poderão ser comercializados. Quem desobedecer, deverá pagar uma multa de R$ 300,00 a cada 50 quilos, medida que visa evitar o fim da espécie.

O pinhão é bastante apreciado na alimentação humana e embora alguns chefs de cozinha preparem pratos mais ou menos sofisticados com ele, o melhor jeito de comê-lo e apreciar o seu sabor é mesmo ao natural, cozido na panela de pressão ou ‘sapecado’ no fogão à lenha, numa fogueira no quintal, ou mesmo ao redor da chama de uma lareira.

A colheita do pinhão é artesanal e extrativista, não sendo raro a prática de escalada das árvores, atividade de risco se não for feita de forma adequada. Não raro, em algumas praças ou parques públicos encontramos pessoas colhendo as sementes caídas de araucárias gigantescas.

Segundo Felipe Nascimento dos Santos, agrônomo do Ceasa de Curitiba, no ano passado foram comercializadas 984 mil toneladas de pinhão, ao preço médio de R$ 7,37, totalizando aproximadamente R$ 7,2 milhões. Se forem computados o volume do mercado informal de pinhão, esses valores podem triplicar.

O pinhão foi incluído na Política de Garantia de Preços Mínimos para a Sociobiodiversidade (PGPM-bio) e passou a ser inserido no contexto das políticas de apoio à conservação da araucária (Araucária angustifolia), espécie que teve exploração intensa e desordenada e cuja existência está ameaçada. Para se ter uma ideia dessa ameaça, em pouco mais de 100 anos, a exploração desordenada da araucária quase levou ao desaparecimento dessa espécie, sendo este um dos principais motivos para a inclusão do pinhão na política de garantia de preços mínimos, com vistas à preservação da espécie, bem como à garantia de renda para as famílias que trabalham com o extrativismo do pinhão. Na UFPR há uma iniciativa de distribuição de mudas de araucária que visa justamente a preservação da árvore do pinhão.

Foto: Rosa Maria Dalla Costa

A parte comestível do pinhão é sua polpa, constituída basicamente de amido. Do ponto de vista nutricional, a semente da araucária apresenta alto valor alimentício, por ser rica em proteínas, cálcio, ferro, fósforo e vitaminas, além de possuir um teor de 50% a 60% de óleo. Segundo dados da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento – o modo de preparo (cozimento) não altera o valor nutricional do pinhão e suas propriedades continuam as mesmas, de modo que pode ser consumido assado ou cozido, podendo ainda ser utilizado no preparo de farofas, entreveros e paçocas. Contudo, se forem consumidas as pinhas imaturas, que são caracterizadas por uma casca esbranquiçada e alto teor de umidade, o alimento pode se tornar tóxico e causar problemas como a má digestão, náuseas e episódios de constipação intestinal.

Antonio Evandro, responsável pela comercialização de produtos no Ceasa Curitiba afirmou ao Plural que, neste ano a venda ainda está tímida, devendo ser aquecida a partir do mês junho, quando começam as festas juninas. Justamente por isso, o preço por quilo, já diminuiu de R$ 10,00 para R$ 8,00. Segundo ele, a produção este ano parece estar menor e venda do produto deve ter uma redução de 30% nas vendas.

Nada que não possamos reverter, inserindo o pinhão nas próximas festas ou encontros de amigos neste período do ano. Dá até para prepará-lo em conserva como forma de prolongar o seu consumo durante o ano.

Receita

Conserva de Pinhão
Ingredientes:
1 xícara de chá de pinhões cozidos e descascados
½ xícara de chá de vinagre
½ xícara de chá de água
½ colher de chá de sal
1 dente de alho
10 grãos inteiros de pimenta-do-reino preta
1 folha de louro
Ramos de Tomilho e de Alecrim

Modo de Fazer
Coloque os pinhões num pote de conserva esterilizado, adicione o alho e reserve.
Corte um disco de papel manteiga com diâmetro um pouco maior do que a boca do pote e reserve.
Em uma panela, em fogo alto, coloque para ferver a água, o vinagre, o sal, a pimenta, o louro, o tomilho e o alecrim.
Retire do fogo.
Coloque a mistura no pote reservado de pinhões até chegar a um cm da boca do pote e tampe;
Umedeça o disco de papel-manteiga com álcool, coloque sobre a abertura do pote e tampe, fechando bem.
Guarde a conserva em lugar fresco e protegido por 5 dias, no mínimo, antes de servir.

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