Quando futebol vira show muito além do campo

É óbvio que, felizmente, certas partidas, devido às circunstâncias, não se limitam a vitória, derrota ou empate, até muito pelo contrário

Como se sabe, e teve o merecido destaque, para espanto até de outras torcidas, em um jogaço de 6 gols Athletico e Cruzeiro ficaram no empate por 3 a 3, sábado passado, na Arena da Baixada, pela 17ª rodada do Brasileirão. Empate, em futebol, é algo bastante comum, até como objetivo extra campo, mas, com 6 gols, é quase inacreditável. O Furacão, e logo de cara, perdia por 2 a 0 e, com o incrível, fantástico, apoio de sua trepidante torcida, foi buscar com sucesso o empate para sair com um ponto diante do time mineiro. Um ponto que, no caso, significa muito, muito mais.

Outra façanha, para não esquecer

Sobre coisas marcantes do futebol, vale lembrar um outro episódio rubro-negro, por conta da atitude das torcidas, que, no caso, optou por tirar o time.

Dia 5 de novembro de 1978. O então Atlético recebia na Baixada o também então Colorado. Por conta de Ziquita, o jogo se transformou em um dos capítulos mais incríveis da história do futebol paranaense, e, certamente, do futebol mundial: o centroavante fez 4 gols em 12 minutos.

A partida, válida pela segunda rodada do Grupo F (um quadrangular semifinal), atraiu cerca de 8 mil torcedores. O clássico era decisivo para apontar um dos finalistas do Estadual. Arrasador, o Colorado meteu 2 gols no primeiro tempo. No segundo, continuou o massacre. Em poucos minutos vencia por 4 a 0. Ao contrário do que ocorreu agora, parte da torcida atleticana começou a deixar o estádio, cabisbaixa.

Antes do celular, o radinho de pilha

Mas, aos 30 minutos, o centroavante Ziquita, usando literalmente a cabeça, diminuiu a vantagem adversária. E, 4 minutos depois, dominou a bola de costas para o gol e, de virada, balançou as redes coloradas pela segunda vez. Quem insistiu em ficar no estádio cruzava os dedos. Aos 36, Ziquita, novamente de cabeça, marcou seu terceiro gol. Alguns torcedores, com o ouvido colado nos radinhos de pilha (celular? na época, nem pensar), trataram de retornar ao estádio. Não deu tempo. O herói rubro-negro fez seu quarto gol aos 43 minutos. Logo em seguida, Ziquita mandou uma bola que carimbou o travessão colorado. O quinto gol não saiu, mas Ziquita acabara de colocar seu nome para sempre na história do (então) Atlético e da velha Baixada.

Empate com um sabor muito especial.

E ele virou santo

Como registrou a imprensa, “um massacre anunciado acabou se transformando em um empate com sabor de goleada”. E houve quem festejasse o “São Ziquita”. Do lado do time adversário, o técnico Avelino Mosquito não resistiu – pediu demissão.

Coisas do Atlético de ontem, do Athletico de hoje e dos atleticanos de sempre. Ou do futebol, com todo o respeito a outras torcidas.

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