Lula presidente e o desafio do país em frangalhos 

Basta ver o desmatamento na Amazônia, o garimpo ilegal em terras indígenas e outros trambiques por conta da omissão federal e suas motociatas...

Coitado do Lula. Vai reassumir o governo de um país hoje em frangalhos, ladeira abaixo…O comentário partiu de um leitor da revista Carta Capital, que, de fato, também pratica o jornalismo plural e, na edição desta semana, traz na capa foto de Lula com o título LULA, A EPOPEIA – “em seu terceiro mandato, o outrora metalúrgico sabe que não pode errar”.  

E há incríveis revelações sobre a herança do desgoverno federal. Um dos exemplos, no texto de Maurício Thuswohl, devidamente ilustrado com fotos igualmente arrasadoras (uma delas traz dezenas de troncos de árvores amontoados numa área devastada da Amazônia):  

Em dezembro, o Ibama não tem como custear sequer o deslocamento de fiscais.  

E tem (muito) mais: 

– Ignorados pelo ex-ministro Ricardo Salles e Bolsonaro, e com 3 bilhões de reais em recursos paralisados, o Fundo da Amazônia prometia ser a mola propulsora da reconstrução ambiental do País. Felizmente, logo após a confirmação da vitória de Lula, o principal doador, a Noruega, manifestou o desejo de retomar os aportes. Sócio menor, o governo da Alemanha seguirá o mesmo caminho. A expectativa agora passa a ser a adesão de países como os EUA. 

A promessa de Lula (desmatamento zero) só pode ser cumprida com o resgate do Ibama e do ICMBio, os dois principais órgãos de proteção ambiental que tiveram suas direções aparelhadas por policiais militares e integrantes das Forças Armadas e sua capacidade de gestão dizimada pelos sucessivos cortes orçamentários, sem reposição de pessoal

E o garimpo ilegal avançou sobre terras indígenas e Unidades de Conservação, patrocinado pelo crime organizado e diante da omissão federal.  

700 fiscais em um país gigante 

Vale ressaltar, sempre: estima-se que 20% do oxigênio do mundo tem origem na floresta amazônica. Tanto que já foi chamada de Pulmão do Mundo, “um imenso espaço de biodiversidade com uma surpreendente quantidade de espécies, vegetais e animais”. 

Mas, depois da tal gripezinha, há que destacar a importância do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Bem como do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que, como outros órgãos de fiscalização, padecem com os cortes no orçamento.  

Os fiscais do Instituto já foram perto de 1,8 mil, mas, hoje, são somente cerca de 700 atuando em todo o Brasil, “o que é muito pouco”, como ressalta Suely Araújo, especialista em Políticas Públicas do Observatório do Clima, que produziu estudos revelando o tamanho do desmatamento na Amazônia no governo Bolsonaro.  

Quando o país saiu do mapa da fome 

– O primeiro governo Lula teve como marco a consolidação de programas sociais, caso do Bolsa Família e do Fome Zero, ambos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como “iniciativas que possibilitaram a saída do país do mapa da fome”. Durante seus dois primeiros mandatos, empreendeu reformas e mudanças radicais que produziram transformações sociais e econômicas no Brasil, que acumulou substanciais reservas internacionais, triplicou seu PIB per capita e alcançou o grau de investimento. Os índices de pobreza, desigualdade, analfabetismo, desemprego, mortalidade infantil e trabalho infantil caíram significativamente, enquanto o salário mínimo e a renda média do trabalhador registraram ganhos reais e o acesso à escola, à universidade e ao atendimento de saúde se expandiram. 

PS: que o ano novo que se aproxima também registre coisas positivas – para todos, sem nenhuma distinção. 

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