Derrotado pelo ex-presidente Lula na desesperada tentativa de reeleição, Jair Bolsonaro, na sexta-feira, 25, participou pela primeira vez de uma agenda oficial após o resultado das urnas, em 30 de outubro. Assim, após dias de reclusão no Palácio da Alvorada, esteve numa formatura militar em Resende, no Rio de Janeiro. Não discursou e saiu de fininho, evitando falar com a imprensa.
E o estranho comportamento do presidente que, no início da pandemia, tachou a Covid-19 de gripezinha, remete a outro episódio. Ou seja, quando, em respeito aos mortos, deveria ficar calado, ele abriu o bico.
Entre mortos e desaparecidos
Está na edição de junho da Carta Capital, mais do que uma revista. Graças a Mino Carta e sua equipe, cada exemplar equivale a um (bom) livro: para ler, recomendar e guardar até para futuras consultas. É o jornalismo de fato plural. E aí temos com o título Ferida aberta, texto de Maurício Thuswohl, que, “com a missão inconclusa, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos está prestes a ser dissolvida pelo governo Bolsonaro”.
Para a deputada Maria do Rosário, do PT, ministra dos Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff, ao dissolver a comissão Bolsonaro “pretende extinguir os crimes” da ditadura (civil-militar) de 1964.
Ele e os mortos
A guerrilha do Araguaia foi um movimento na divisa entre Tocantins e o Pará, entre os anos de 1972 e 1975. Um movimento contra a ditadura civil-militar implantada com o golpe de 1964. Para alguns, a revolução redentora. O movimento começou a se organizar no final da década de 1960. A partir de 1972, começaram os confrontos armados entre guerrilheiros e as forças armadas. A guerrilha tinha como inspiração os (bem sucedidos) movimentos revolucionários socialistas ocorridos em Cuba e na China.
E temos, com o devido registro na revista Carta Capital, edição de 29 de junho, a não participação de Bolsonaro, quando ainda fardado, ao ser convocado para as buscas pelos restos mortais de guerrilheiros. Ele optou por uma piada:
– Quem procura osso é cachorro…
Vale lembrar também:
– Temam menos a morte e mais a vida insuficiente.
Bertolt Brecht
– Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.
Chico Xavier