Panorama da Educação Internacional no mercado Latino-Americano

O mercado de intercâmbio tem uma expectativa de retomada e crescimento em 2022

Os impactos da pandemia para todos os setores foram enormes e sem precedentes em 2020. Uma das áreas que mais sofreu as consequências do Coronavírus foi o setor de Turismo e Educação Internacional. Neste novo cenário, muitas coisas mudaram para universidades, escolas, agências de intercâmbio e também para os estudantes interessados em graduação e pós no exterior, enquanto regras sobre entrada e permissão de estudo presencial são criadas e modificadas por governos e agências de saúde.

Os estudantes da América Latina, que queriam iniciar seu bacharelado ou pós-graduação neste ano no exterior, tiveram que escolher entre postergar os estudos ou começar suas aulas no formato online de seus países de origem, enquanto esperam a reabertura das fronteiras. Com o distanciamento social estabelecido pela pandemia, o suporte dado pelas agências e universidades aos estudantes internacionais foi intensificado.

No início da pandemia, os estudantes receberam o suporte remoto das agências, enquanto retornavam aos seus países de origem. E agora, enquanto alguns países retomam suas atividades, os alunos buscam os agentes para reorganizar seus retornos corretamente, de acordo com os protocolos dos países de destino e das instituições estrangeiras, sem medo, em segurança e com o suporte adequado.

Por outro lado, as agências de intercâmbio da América Latina tiveram que utilizar a criatividade para manter seus negócios saudáveis e rodando. De acordo com uma pesquisa conduzida pela ICEF com 130 participantes da ICEF Virtual Américas, realizado em agosto de 2020, 61% dos agentes entrevistados indicaram que fecharam seus escritórios e ou estavam trabalhando de casa e 28% deles reportaram também redução de equipe.

Uma das formas que o mercado da Educação encontrou para superar a adversidade foi por meio de alianças. Por exemplo, a criação do REAL – Registered Educational Agencies of LATAM, com membros de agências da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México e Panamá. O objetivo dessa aliança é promover a educação internacional em toda a América Latina e prove recrutamento de qualidade, eficiente e ético por meio da construção de uma equipe criativa, diversificada e pelo apoio mútuo de agências reconhecidas na região.

Para encurtar o caminho entre instituições de ensino internacionais renomadas e os estudantes latinos interessados em intercâmbio, a REAL e seus membros se concentram em trazer informações de fontes seguras e diretamente dos governos internacionais para seus alunos e mercados locais.

Apesar da crise, algumas oportunidades se abriram para o setor com esse cenário global sem precedentes e o mercado está se recuperando, tanto por parte das universidades quanto por parte dos agentes. Isso ocorre, porque as fronteiras físicas estão caindo e as agências de maior visibilidade têm ido mais longe, recrutando em regiões mais distantes, com mais facilidade do que antes da pandemia.

Os clientes estão se abrindo para o serviço online e que, anteriormente, tinham alguma resistência. Essa constatação vai ao encontro dos resultados da pesquisa da ICEF, que indica que 52% dos agentes entrevistados disseram que, apesar de todos os desafios, eles aumentaram suas comunicações com os clientes e 34% relataram que fizeram um aumento no investimento de Marketing este ano.

Do lado das instituições, alguns grupos que representam universidades na América do Norte, Europa e Oceania passaram por mudanças na abordagem das agências e estudantes latino-americanos. As universidades precisavam se aproximar dos estudantes latinos e ter um contato mais direto devido ao apoio necessário, durante a pandemia.

Muitas universidades substituíram o recrutamento presencial por atividades online, como feiras online e investiram em plataformas para realização de webinars, com maior capacidade de visualização, aumentando assim o alcance de seus eventos. Além disso, as instituições disponibilizaram novas plataformas de ensino para o mercado latino-americano em parceria com as 300 melhores universidades dos Estados Unidos, por exemplo.

Além disso, a descoberta de novos mercados potenciais e o desenvolvimento de mercados como o da América Latina fizeram com que grandes grupos educacionais focados no recrutamento na China, Índia e Ásia passassem a buscar outros mercados no mundo.

De acordo com o relatório de Key Figures 2020 da França, a mobilidade de saída na América Latina e no Caribe aumentou 58% entre 2012 e 2017. No Brasil, especificamente, a Pesquisa Selo Belta 2020 e a Pesquisa Impacto do COVID-19 mostram que os destinos mais populares são o Canadá, seguido pelos Estados Unidos e Irlanda e que os cinco principais destinos pós-pandemia serão Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia.

Antes da pandemia, o perfil dos estudantes latinos era de pessoas que tinham recursos para investir em uma graduação em destinos como EUA e Canadá. Pós-pandemia, esse perfil deve mudar para pessoas que desejam uma melhor qualidade de vida, e que possuem lastro financeiro. A forma como o país de destino está lutando contra o Covid-19 também tende a ser um critério determinante na escolha.

O mercado de intercâmbio tem uma expectativa de retomada e crescimento em 2022. Muitas pessoas ainda vão postergar seus estudos por receio de pegar COVID-19 na viagem ou mesmo por conta das fronteiras fechadas. A alta das moedas, por conta da instabilidade econômica, ainda é um desafio para os futuros estudantes, que tendem a buscar alternativas mais acessíveis para estudar no exterior como universidades públicas ou para destinos com melhor custo-benefício.

No entanto, existem mobilizações governamentais para que o recrutamento de estudantes internacionais continue e se recupere. A Nova Zelândia, por exemplo, anunciou um investimento de 51,6 milhões de dólares no setor de educação internacional. Outro exemplo é o Reino Unido, que anunciou um pacote de suporte para instituições de ensino superior no país e para os estudantes. No mercado em recuperação, contar com sólidas empresas locais no mercado latino-americano, que saibam recrutar estudantes internacionais de forma assertiva, é a melhor opção para universidades e instituições estrangeiras. Tendo em vista que independente das restrições de viagens, barreiras, imigração, o recrutamento dessas instituições não pode parar.

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