Secretária, deputadas e juízas fazem campanha por mulher no TJ

Ratinho precisa escolher substituto para desembargadora que foi a primeira mulher no Tribunal de Justiça paranaense

O governador Ratinho Jr. (PSD) começou a receber pressão de diversos lados para escolher uma mulher para a próxima vaga do quinto constitucional no Tribunal de Justiça do Paraná. Uma das cartas de apoio partiu de dentro do próprio governo: a secretária de Estado da Mulher e da Igualdade Racial, Leandre Dal Ponte, aderiu à campanha.

O movimento das mulheres para manter a vaga tem dois motivos. Um deles é a situação desagradável em que o Paraná se encontra no cenário nacional. Conforme mostrou o Plural, o estado está apenas no 18º lugar no ranking de disparidade de gênero entre os Tribunais de Justiça do país: apenas 15% das cadeiras do TJ paranaense são ocupadas por mulheres.

E a situação pode piorar. Nos últimos tempos, por uma coincidência, três das raras desembargadoras do estado se aposentaram, e não necessariamente vão ser substituídas por outras mulheres.

O outro motivo é o valor simbólico da vaga que está em jogo no momento, decorrente da aposentadoria da desembargadora Regina Portes. Como lembra uma carta assinada pelo Grupo Antígona, um movimento de mulheres que inclui mais de 200 magistradas ativas ou aposentadas do Paraná, Regina Portes foi pioneira em muitos sentidos.

“Ela foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira no segundo grau de jurisdição de nosso Tribunal de Justiça, ainda no então Tribunal de Alçada; foi também a primeira mulher a ser Desembargadora do Tribunal de Justiça, e ainda, a primeira e única mulher a ocupar a Presidência do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral de nosso Estado”, diz manifesto encaminhado pelas juízas ao governador pedindo a nomeação de uma mulher.

Ratinho deverá escolher entre três candidaturas para a vaga: duas são de mulheres e uma, de um homem. A vaga pertence à advocacia, e portanto a seleção começou na OAB, que preparou uma lista sêxtupla. No TJ, as candidaturas foram reduzidas a três: Luciana Carneiro de Lara, Helena de Toledo Coelho e advogado Alexandre Correa Nasser de Melo.

Apoio político

Na Assembleia Legislativa, a bancada feminina decidiu apoiar uma das candidaturas, e enviou documento formal a Ratinho pedindo a nomeação de Luciana Carneiro de Lara, a mais votada tanto na OAB quanto na formação da lista tríplice no TJ.

“Em que pese os demais candidatos demonstrarem currículo igualmente notórios, esta bancada feminina manifesta expressamente o apoio para nomeação da Dra. Luciana Carneiro de Lara, tendo em vista sua obtenção da maioria dos votos dos Desembargadores em sessão do Tribunal Pleno realizada no último dia 7 de agosto”, diz a carta assinada por Mabel Canto, Cristina Silvestri, Maria Victoria Borghetti Barros, Marcia Huçulak e Cantora Mara Lima.

“Na sua declaração a favor de uma candidatura feminina, Leandre Dal Ponte também decidiu apoiar Luciana Carneiro de Lara. Entre os motivos elencados estão “Na sua declaração a favor de uma candidatura feminina, Leandre Dal Ponte também decidiu apoiar Luciana Carneiro de Lara. Entre os motivos elencados estão o maior número de votos em lista tríplice da advocacia, o que representa uma votação histórica” e o “1º lugar na lista sêxtupla da OAB”.

Leandre é uma das três únicas ocupantes de cargos de primeiro escalão no governo Ratinho – no entanto, mesmo a Secretaria da Mulher, no começo da gestão, chegou a ser ocupada interinamente por um homem, o que levou a uma enxurrada de críticas ao governador.

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