Ratinho diz que vende a Copel para que ela “se modernize” e não tenha indicações políticas

Em entrevista, Ratinho chegou a afirmar que Copel seguirá sendo dos paranaenses depois de privatização

O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), afirmou em entrevista que está vendendo a Copel para “modernizar” a empresa e que, entre outros benefícios, a privatização vai acabar com indicações políticas para cargos que deveriam ser técnicos. Além disso, segundo ele, tem gente “mentindo” quando diz que o Paraná deixará de ser dono da Copel. A entrevista foi feita com o jornalista Marc Souza, da RIC, afiliada da Record no Paraná.

O argumento das indicações políticas é curioso para um governador que loteou completamente o seu primeiro escalão. Aparentemente, o que é bom para a Copel não é bom para o governo do estado e vice-versa. Aliás, o próprio presidente da Copel é uma indicação altamente política de Ratinho. Daniel Pimentel Slaviero é neto de Paulo Pimentel, de quem os Ratinhos compraram as emissoras do SBT, e irmão de Eduardo Pimentel, que Ratinho Jr. pretende tornar prefeito de Curitiba.

Além disso, o governador sempre se gaba de ter na Copel uma empresa eficiente – e isso foi construído exatamente sob o modelo atual. Fica impossível entender por que seria necessário mudar justamente agora. Seria em função dos mais de R$ 3 bilhões que isso vai render exatamente durante o período dele como governador?

O argumento da “modernização” é antigo. Desde a época em que Jaime Lerner tentou privatizar a companhia, em 2002, a ideia era que a Copel “não tinha mais como competir” caso não fosse repassada para a iniciativa privada. Agora Ratinho diz que o problema é a Lei de Licitações. Mas ao invés de tentar mudar a lei, prefere livrar os paranaenses de sua maior, melhor e mais valiosa empresa.

Aliás, de todos os argumentos do governador, o mais curioso é aquele segundo o qual o Paraná continuará dono da Copel. Vírgula. Seguirá dono de, no máximo, 10% das ações – é isso que está em jogo – deixar 90% nas mãos da iniciativa privada.

De todo modo, se nada mudar, o governador diz que vende a companhia ainda neste ano. E aí, claro, terá bilhões para fazer obras e dizer que seu governo transformou o Paraná. A qual custo? Claro, ao custo de uma empresa que foi criada e cultivada por paranaenses ao longo de sete décadas.

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