O caso de Vini Jr. pode ou não mudar as coisas na Espanha, mas também precisa ter peso aqui no Brasil, onde o menino nasceu e cresceu certamente sendo vítima de racismo também. Casos que ocorrem com celebridades precisam ser emblemáticos para que o problema seja visto em toda a sua dimensão. Se não pegarem quem ataca um dos melhores jogadores do mundo, imagina o que vai acontecer quando o caso é no Cajuru, no Tatuquara, no Osternack.
Não deixa de ser irônico. Para quem é de Curitiba e vê casos de preconceito racial acontecendo aqui na cidade dia e noite, agora todo mundo decidiu ser antirracista quando o caso acontece lá longe. Alguns dos vereadores por exemplo que perseguiram Renato Freitas até a cassação por ele ter participado de uma manifestação antirracista, por exemplo, agora estão na Internet defendendo Vini e dizendo que estão com ele até o final.
Claro, Vini tem que ser defendido. Mas não adianta fazer postzinho para atacar os racistas espanhóis e fechar o olho quando o caso acontece aqui do lado. E como acontece caso aqui do lado: aqui no Plural, a gente faz questão de levantar sempre que acontece. Quando a consumidora é perseguida no mercado. Quando o sujeito bate com um cassetete num negro na rua. Quando um homem é vítima de racismo dentro da própria Câmara Municipal. Quando o prefeito, com a cabeça sabe-se lá onde, diz que não existe racismo na cidade.
Que o caso de Vini ajude a resolver as coisas na Europa. E que a gente aprenda com isso para saber o que fazer aqui também. Afinal, o racismo contra o curitibano desconhecido dói tanto quando o que afeta o menino famoso (e genial) na Espanha.
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